O processo judicial em sua esfera criminal pretende aplicar penas somente aqueles que efetivamente cometeram um crime. Disso decorre o necessário esforço de descoberta da verdade para que se evite a absolvição de um culpado e principalmente a condenação de uma pessoa inocente. O incorreto tratamento das provas dependentes da memória tem sido um dos grandes motivos que ensejam condenações de pessoas inocentes. Isso se dá em virtude de fatores como regras que funcionam de maneira contra epistêmica e generalizações erradas, como a de que é possível detectar uma testemunha que mente, a mentira é o único problema relacionado ao testemunho, a memória é uma fonte de prova totalmente confiável, e juízes não deixam preconceitos interferirem em seu julgamento da credibilidade da testemunha. Esse trabalho apresenta parâmetros de raciocínio e decisão para o juiz, que, baseados no diálogo da epistemologia jurídica com a neurociência e psicologia, pretendem viabilizar um tratamento racionalista do testemunho, capaz de evitar injustiças.