O objetivo deste trabalho é analisar, sob a perspectiva da cultura de vigilância, a apropriação de vídeos amadores gravados com o celular pelo telejornalismo. Através de estudos do campo da Cibercultura e de abordagens críticas da vigilância contemporânea, foi possível analisar casos específicos em que os vídeos foram essenciais na produção e exibição de notícias. Nota-se que há aspectos dessas imagens vinculados ao efeito de real das gravações que contribuem para um interesse específico dos veículos profissionais de jornalismo em transmitir estes conteúdos. Além disso, percebe-se que a valorização de um ideal de transparência de acontecimentos e a onipresença de dispositivos móveis com câmera e acesso a internet configuram um cenário de vigilância difundido na vida contemporânea, naturalizando este modo de olhar o mundo. Ao mesmo tempo em que as novas formas de produção de conteúdo representam uma democratização dos meios de comunicação, discute-se/ aponta-se também como o jornalismo contribui para a naturalização e incentivo à procura por flagrantes, aproveitando-se de elementos da cultura da vigilância e do espetáculo para garantia de audiência.