Trabalho de conclusão de graduação
Desastres naturais e a economia: análise das perdas na produção agropecuária pela seca no semiárido brasileiro
Autor
Costa, Lucas de Almeida Nogueira da
Institución
Resumen
O Nordeste brasileiro sofreu, entre 2012 e 2015, uma das piores secas registradas na
sua história, resultando em diversas perdas socioeconômicas na região. Dada a importância do
desastre da seca para o semiárido brasileiro, esse estudo pretende avaliar e quantificar as perdas
agropecuárias decorrentes desse desastre. O objetivo é identificar as perdas de área plantada e
de valor da produção agropecuária, avaliando se as culturas familiares sofrem maiores
consequências na ocorrência de secas. Além disso, outro objetivo é estudar a relação da seca
com a produtividade por hectare colhido e estimar as perdas monetárias no decorrer das últimas
décadas. Para isso, foi construída uma base de dados em painel em níveis anual e municipal de
precipitação média mensal, incluindo diversas variáveis de produção agropecuária. A
construção e utilização dessa base permitiu a implementação de uma estratégia empírica robusta
e difundida na literatura mais recente sobre economia do clima.
Os resultados encontrados apontam na mesma direção que a literatura existente,
alertando para as grandes perdas agropecuárias causadas pelas secas em regiões vulneráveis.
Municípios com precipitação média inferior a 30mm/mês perdem, em média, 27,4 pontos
percentuais da sua área plantada por conta da seca, enquanto municípios com precipitação
média entre 30 e 60mm/mês perdem pela seca, em média, 9,5 p.p. da área plantada. Esses
resultados são ainda mais expressivos quando são analisadas culturas majoritariamente
familiares separadamente: no caso do milho, municípios com menos de 30mm/mês perdem, em média e pela seca, 44,0 p.p. de toda área plantada. Isso corrobora a hipótese – extensamente abordada na literatura – de que os produtores familiares sofrem as maiores perdas por sua maior
vulnerabilidade.