Trabalho de conclusão de graduação
Lugar de vítima: uma análise da campanha virtual eu não mereço ser estuprada e o propósito de colocar-se como vítima
Registro en:
FERREIRA JUNIOR, Luiz Fernando de Figueiredo. Lugar de vítima: uma análise da campanha virtual eu não mereço ser estuprada e o propósito de colocar-se como vítima. 2015. 83 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Comunicação - Habilitação em Publicidade e Propaganda) - Escola de Comunicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015.
Autor
Ferreira Junior, Luiz Fernando de Figueiredo
Institución
Resumen
No dia 27 de março de 2014, a jornalista Nana Queiroz dava início a um protesto online em resposta aos resultados de uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgada naquele dia informando que 65% dos brasileiros concordavam com a afirmação de que “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas''. Era o início da campanha virtual “#EuNãoMereçoSerEstuprada”, na qual manifestantes publicavam fotos com o torso desnudo e inscrições desenhadas pelo corpo ou cartazes com frases de apoio ao protesto. Não tardou muito para que muitas pessoas começassem a compartilhar relatos de experiência de abuso sexual. Em cinco dias, a adesão à campanha virtual chegava a 44 mil pessoas, sendo um dos tópicos mais comentados nas redes sociais e chamando a atenção da mídia no país e no exterior. A divulgação da pesquisa do Ipea fez com que as pessoas voltassem a discutir sobre cultura do estupro, que é uma configuração fruto do patriarcado
que, entre tantas coisas, tenta responsabilizar as mulheres pelos atos de estupro. Para lutarem contra esse tipo de mentalidade, mulheres começaram a reivindicar o lugar de vítima. Mas por que, ao invés de se colocarem como vítimas, elas não se preocuparam em atacar os estupradores? O que levou essas mulheres a reforçar o papel de vítima nesses casos? Há uma tendência em nossa sociedade em utilizar o discurso de vítima como forma de reivindicar demandas e ações de reparação e cuidado. E esse trabalho pretende analisar a campanha virtual e seu propósito em colocar as mulheres como vítimas nesse contexto em que a vítima se apresenta como um fenômeno contemporâneo.