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Cuidados no território: as práticas das equipes de centros de referência em saúde mental – CERSAM’s de Belo Horizonte
Registro en:
ALMEIDA, Anna Laura de; MODENA, Celina Maria. Cuidados no território: as práticas das equipes de centros de referência em saúde mental – CERSAM’s de Belo Horizonte. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS EM SAÚDE, 8., 2019, João Pessoa. Anais... João Pessoa: ABRASCO, 2019. 2 p.
978-85-85740-10-8
Autor
Almeida, Anna Laura de
Modena, Celina Maria
Resumen
As equipes dos CERSAM‘s (CAPS III) enfrentam inúmeros desafios para estabelecer melhores articulações com/nos territórios em suas práticas de cuidados. Com frequência observamos o uso do termo território de maneira banalizada, desconsiderando aportes teóricos que subsidiaram a Reforma Psiquiátrica Brasileira e que tornaram possível a construção do cuidado em liberdade como projeto ético-político. Refletir sobre as práticas de cuidado das equipes de dois CERSAM‘s (CAPS III) de Belo Horizonte, bem como articular as acepções de território apreendidas aos princípios da Reforma Psiquiátrica Brasileira e da Geografia Crítica. Trata-se de pesquisa qualitativa, na qual foi realizada observação participante e um grupo focal com trabalhadores de nível superior em cada um dos dois CERSAM‘s. Neste trabalho será realizado um recorte dos dados produzidos ressaltando dois momentos da observação participante, a saber: visita de trabalhadora do CERSAM “A” a uma usuária em situação de rua e participação de trabalhadora do CERSAM “B” em reunião de matriciamento de um Centro de Saúde. A análise inicial terá como base o conceito crítico de território que se desdobra em um continuum desde uma abordagem funcional e/ou político-econômica, até uma apropriação mais subjetiva e/ou cultural-simbólica. Observou-se entendimento de território em sua perspectiva cultural-simbólica e resultante de múltiplas relações materiais e imateriais de poder, durante visita à usuária em situação de rua, na medida em que a trabalhadora sustenta o desejo da usuária de voltar para a rua e vêm construindo estratégias de cuidado a partir das relações construídas junto com ela em seu território. Por outro lado, na reunião de matriciamento de um Centro de Saúde houve predominância de discussões relativas às condutas medicamentosas e agendamentos com a psicóloga, sinalizando para uma acepção de território funcional como estruturador do funcionamento de redes e portador de recursos no cuidado individual. A Reforma Psiquiátrica Brasileira tem seus princípios associados à desinstitucionalização e inserção territorial, que pressupõem embates em nada alinhados à noção funcional de território. Nesse sentido, é fundamental que as práticas de cuidados das equipes dos CERSAM’s considerem a capacidade crítica do conceito de território, entendido como espaço de exercício do poder e, ao mesmo tempo, espaço de resistência.