O Governo Provincial de Luanda e a UNICEF- Angola lançaram o Programa de Agentes Comunitários de Saúde de Luanda (PACS) como projeto piloto, em 2007. Esta experiência contou com a participação de consultores brasileiros e, após a aprovação de projetos do edital Pró-África, duas universidades brasileiras se juntaram a estes esforços. Porém, em 2012, o PACS Luanda pareceu não ter continuidade. Concomitante a isto ocorreram iniciativas da ABC e Fiocruz em instituir processos de cooperação em saúde, visando também, entre outros, a Atenção Primária à Saúde, através da cooperação bilateral e trilateral (juntamente ao Japão). Nesta época, também o Banco Mundial investiu em projeto que, em 2014, reverteu apoio ao PACS em outras províncias do país. O presente estudo buscou analisar as práticas, os sentidos e concepções da cooperação internacional em saúde no Brasil a partir da experiência de cooperação na implantação do PACS Luanda/Angola; identificando os atores e analisando as relações instituídas no âmbito deste projeto. Foram realizadas entrevistas com cinco atores brasileiros que participaram na implantação deste programa. Procedeu-se à análise de conteúdo, através da categorização e interpretação das falas. A partir da revisão de documentos, pesquisa bibliográfica, e da implicação da pesquisadora no projeto, foi possível construir novos sentidos e entendimentos aos processos estudados. Cada ator da cooperação ocupava uma posição que engendrava possibilidades e limitações diferentes; percebê-las fez-se necessário a fim de compreender e equacionar seus alcances. A cooperação cientifica na área das tecnologias leves pode ou não servir como instrumental de soft power, a depender do ângulo que a política externa do país a adota. No caso do PACS Luanda/Angola, o processo como um todo pode ser considerado uma ―cooperação periférica‖ e, portanto, carente de valor no rol das cooperações brasileiras. Já a constituição dos atores se aproximou do marco das colaborações cientificas que, de forma mais isolada e pouco articulada a uma política de cooperação, empreendeu esforços na latitude de suas crenças.Luanda‘s government and UNICEF launched the Community Health Workers Program in Luanda as a pilot, in 2007. This experience had Brazilian‘s consultants and, after the approval of ―Pró-África‖ projects, two Brazilian‘s universities joined this effort. But, in 2012, the CHW program in Luanda seemed to fade away. By this time, Fiocruz and ABC (The Brazilian Cooperation Agency) were trying to institute, together with Angola, international health cooperation proceedings in order to improve health system and primary health care, through bilateral and trilateral cooperation process. World Bank has also an investment project in health since 2012; in 2014 it started to support CHW program in other provinces of Angola. This study tried to analyze the practices, meanings and conceptions of international health cooperation in Brazil, from the experience of Luanda‘s CHW program implantation; through identification of actors and analysis of the relations established under this project. . Five Brazilian‘s actors were interviewed. Content analysis was made through categorization and interpretation of statements. From the review of documents, literature and the involvement of the researcher in the project, was possible to build new meanings and understandings for the analyzed processes. Each cooperation actor was in a position that engendered different possibilities and limitations; realize them is necessary to understand and address their ranges. Scientific Cooperation in soft technologies areas might be useful as a soft power instrument, depending on the foreign policy that the country adopts. In the Luanda‘s CHW program, the process as a whole can be considered as a ―peripheral cooperation‖ that seems to lack value in the list of the Brazilian official cooperation. The nature of the actors approached the framework of scientific collaborations, as it worked more isolated and poorly articulated to a cooperation policy, so the efforts undertaken were in the pursuit of their beliefs.