A presente pesquisa sobre a produção do cuidado em saúde na Atenção Primária à Saúde numa perspectiva de gênero buscou correlacionar as discussões sobre trabalho de cuidado e cuidado em saúde, tendo as relações trabalho-gênero-cuidado enquanto eixo central. O estudo foi realizado por meio de metodologia qualitativa, através de uma revisão narrativa da literatura. Após uma breve introdução sobre o cuidado, foi abordado o que tem se discutido sobre a temática do trabalho de cuidado. Posteriormente, foi abordado mais especificamente o tema do cuidado em saúde e como este tem-se constituído como um campo que enfoca predominantemente o cuidado efetuado por profissionais, omitindo os cuidados efetuados pelas famílias e, mais especificamente, pelas mulheres. Por fim, essas discussões foram situadas no contexto da APS, refletindo sobre quais aspectos dos estudos feministas sobre o trabalho de cuidado podem nos dar pistas sobre como prosseguir cuidando sem perder de vista que o cuidado, ainda que seja central para a saúde, não é propriedade nem exclusividade nossa. Como resultados, o estudo aponta para a necessidade de reforço e elaboração de políticas públicas que desonerem as mulheres dos papéis de cuidado, bem como a necessidade dos profissionais da APS reverem o modo como vêm realizando a chamada abordagem familiar, onde acabam, muitas vezes, por operar prescrições e orientações às mulheres que reificam seu papel social de cuidadoras. O estudo aponta também a problemática da predominância nos estudos sobre cuidado em saúde da visão do profissional de saúde como operador, por excelência, das práticas de cuidado, excluindo muitas vezes o papel das famílias e, especialmente, o das mulheres.The present research about the production of health care in Primary Health Care sought to correlate the discussions about care and health care from a gender perspective, considering the work-gender-care relations as the central axis. The study was produced using a qualitative methodology, through a narrative review of the literature. After a brief introduction about care, it was discussed what have been published about the topic care. Subsequently, the topic of health care was addressed more specifically, and how it has been constructed as an area that focuses predominantly on care provided by professionals, omitting the care provided by families and, more specifically, by women. Finally, these discussions were situated in the Primary Health Care context, reflecting on which aspects of feminist studies about care can give us clues on how to continue caring without losing the point that care, despite it`s central on health care, it`s not exclusive or property of the health care workers. As a result, the study points to the need of reinforcing and elaborating public policies to relieve women from the roles of care, as well as the need for primary health workers to reconsider the way they have been carrying out the so-called family approach, when they many times make prescriptions and orientations to women that reify their social role as caregivers. The study also points out the problem of the predominance in health care studies on the health worker's perspective, as the only operator, par excellence, of care practices, often excluding the role of families and, especially, of the women in this practice.