No contexto da globalização, a sociedade medicalizada funciona sob a lógica capitalista, com um desequilíbrio entre as práticas de Uso Racional de Medicamentos e o estímulo ao consumo. Na medicalização da saúde, no que diz respeito ao uso de medicamentos, o mercado farmacêutico utiliza diversas estratégias para sua promoção, tanto aquelas visíveis na mídia, quanto outras não explícitas, como discursos embutidos nos rótulos. Utiliza-se a comunicação, como uma ferramenta para produção de sentidos, contribuindo para um mercado simbólico em que os medicamentos passam a ter maior valor agregado e importância mais ampla que a de uma ferramenta terapêutica para fins de diagnóstico, prevenção, promoção e recuperação da saúde. Por outro lado, os medicamentos são bens sociais tutelados pela Constituição Federal de 1988, assim, na perspectiva do direito a saúde, do direito à informação e do direito do consumidor, cabe ao Estado intervir neste processo para promover o Uso Racional dos Medicamentos. O objetivo do trabalho é demonstrar que os rótulos dos medicamentos são uma estratégia de comunicação da indústria farmacêutica, pois nestes podem estar contidos argumentos publicitários veiculando discursos embutidos no mercado simbólico que envolve esses produtos. Então, discorre-se sobre as responsabilidades da Anvisa na finalidade de garantir direitos constitucionais. Com destaque, apresenta-se as ações e normas de registro e propagandas de medicamentos, como parte da regulação sanitária e analisa-se a inter-relação das informações de rótulos e das propagandas de alguns medicamentos. Posteriormente, discute-se sobre a adequação do arcabouço legal e normativo e o cumprimento do papel do Estado na proteção da saúde. Identificou-se nos rótulos de medicamentos que os argumentos publicitários estão embutidos nos nomes comerciais, cores, desenhos, formatos de letras, frases, tipo de informação destacadas – geralmente ressaltando informações benéficas, tipos de informações omitidas, entre outras. Desta forma, evidencia-se a necessidade de aprimorar os processos regulatórios e fortalecer estratégias de promoção do Uso Racional de Medicamentos, a fim de minimizar os efeitos maléficos das estratégias de comunicação utilizadas pelas indústrias farmacêuticas.In the context of globalization, the medicalized society is under a capitalist rationale, with an unbalance between the practices of rational use of medicines and the estimulation for consumption. In the medicalized society, regarding the use of medicines, the pharmaceutical marketing uses different promotion strategies, as those visibles in the media, and those not visibles, with “speaches” in the packaging. The communication used as a toll for sense production, contributing to the symbolic marketing, where the medicines have an aggregated value, with an importance wider than a therapeutical toll for diagnosis, prevention, promotion and recovering of health. In the other hand, the medicines are social goods, protected by Federal Constitution from 1988. In the perspective of health, information and consumers rights, it is role of the State to interfer in this process. The objective of its paper was to analyze how the packaging of medicines can stimulate the use and acquisitions of medicines, as one marketing strategy. It is presented the responsibilities of Anvisa to guarantee the constitutional rights. The actions and norms of marketing authorization and promotion of medicines are highlited, as part of health regulation. Then, the interrelation between packaging information and drug marketing was analyzed and the adequacy of the legal and normative framework and the accomplishment of the role of the State in the health protection are discussed. Strategies of marketing and promotion in packaging of medicines, as commercials names, colors, draws, letter’s font, phrases, the kind of highlighted information - that generally highlighting benefits, the kind of suppressed information, among others. It is possible to affirm the packaging as marketing of its products. This results show the need of improvement the regulatory processes and to strengthen the strategies of rational use of medicines, to minimize the bad effects of promotion of medicines.