Dissertation
Encefalopatia associada a sepsedisfunção comportamental metabólica e mitocondrial em modelo de sepse abdominal
Registro en:
MIRANDA, R. C. C. C. de. Encefalopatia associada a sepse disfunção comportamental metabólica e mitocondrial em modelo de sepse abdominal. 2010. 66f. Dissertação (Mestrado em Biologia Celular e Molecular) - Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Oswaldo Cruz, Rio de janeiro, RJ, 2010
Autor
Miranda, Renata Carnevale Carneiro Chermonte de
Resumen
A sepse e síndrome de disfunção orgânica múltipla representam um problema clínico de alta relevância, principalmente devido a sua grande incidência em pacientes críticos e aos seus altos índices de mortalidade. Apesar de medidas terapêuticas terem sido capazes de diminuir a mortalidade, observamos que muitos sobreviventes a sepse não são capazes de retomar suas atividades usuais. Estudos experimentais em animais são uma ferramenta importante para o estudo da fisiopatologia e da terapêutica da sepse. A encefalopatia associada à sepse (EAS) é muitas vezes a primeira disfunção orgânica a se manifestar. Clinicamente pode se apresentar como sonolência, agitação, delírium e coma. A presença da EAS está associado a maior mortalidade e pior prognóstico. Muitos pacientes apresentam dano cognitivo a médio e longo prazo que pode ser irreversível. Neste trabalho, padronizamos o modelo de injeção de fezes intraperitoneal em camundongos Swiss para facilitar o estudo da EAS. No modelo utilizado podemos caracterizar o choque com queda da pressão arterial 6 e 24h após a indução da sepse, disfunção metabólica caracterizada pelo aumento de lactato, disfunção hepática e renal com aumento de uréia, creatinina, TGO e TGP em 24h. a resposta inflamatória foi caracterizada pelo aumento de citocinas plasmática e no líquido peritoneal. IL-6 e MIP-1\03B1 aumentaram em 6h e24h tanto no plasma quanto no líquido peritoneal. IL-1\03B2, citocina de liberação precoce, teve aumento no plasma nas primeiras 6h. Leucócitos totais, mononucleares e neutrófilos mais evidente em 24h. Dano cognitivo foi verificado em animais sobreviventes após 10 dias do insulto da sepse
Observamos aumento no consumo de oxigênio pelo córtex cerebral em 6h e seguido de queda em 24h. Houve aumento na captação de glicose pelo cérebro tanto em 6h e 24h. Aumento no dano oxidativo foi verificado a partir do aumento de TBARS em 6h nas regiões pré frontal, estriado, córtex e cerebelo. Concluímos que o modelo de injeção de fezes intraperitoneal é capaz de reproduzir a sepse clínica nos aspectos inflamatórios e de disfunção orgânica. O modelo também foi capaz de reproduzir a EAS com dano cognitivo, alterações no consumo de oxigênio pela mitocôndria, no metabolismo da glicose e de estresse oxidativo no cérebro. Mudanças no metabolismo energético, associado a aumento no consumo de glicose pelo córtex cerebral, além da resposta inflamatória propiciaram o estresse oxidativo. O conjunto de alterações observadas pode justificar o desenvolvimento de danos cognitivo persistente observado tanto neste modelo quanto na clínica Sepsis and multiple organ dys
function syndrome represent a clinical problem of great
importance, mainly due to its high incidence in critical patients and its high mortality. Although
therapeutic measures have been able to reduce mortality, many sepsis survivors are not able to
regain
their usual activities. Experimental trials in animals are an important tool to study the
pathophysiology and the treatment of sepsis. The sepsis associated encephalopathy is often the first
organ dysfunction to arise. Clinically it may present as drowsin
ess, agitation, delirium and coma. The
presence of sepsis associated encephalopathy is associated with increased mortality and worse
prognosis. Many patients persist with cognitive impairment that may be irreversible.
In this study, we establishe
d a model of abdominal sepsis in mice that facilitates the
study of sepsis associated encephalopathy. From this model we detected cognitive impairment on
the animals that survived sepsis, and acute changes related to sepsis associated encephalopathy as
mit
ochondrial dysfunction, metabolic changes and oxidative damage. This model is characterized by
the drop of blood pressure 6 and 24h after induction of sepsis, increased blood lactate and increased
urea, creatinine, AST and ALT at 24 hours. Inflamation was
characterized by increased inflammatory
cytokines in plasma and peritoneal fluid. IL
-
6 and MIP
-
1α increased at 6h and 24h in both plasma and
peritoneal fluid. IL
-
1β, an early release cytokine, was increased in plasma on the first 6h. Total
leukocytes, mon
onuclear cells and neutrophils decreased in plasma during the first 6 hours with a
tendency to recovery at 24 hours. Peritoneal fluid leukocytes, mononuclear cells and neutrophils
increased markebly at 24h. We observed an increase in oxygen consumption by
cerebral cortex in 6 h
and then decreased at 24 hours. There was an increase in glucose uptake by the brain in both 6h and
24h. Oxidative damage was assessed by the increase of TBARS in 6h at the pre frontal regions,
nucleus striatum, cortex and cerebellu
m. Cognitive impairment was observed in animals that
survived 10 days after the insult of sepsis.
We conclude that this model was able to reproduce inflammatory aspects and organ
dysfunction observed in sepsis. The model was also able to reproduce
sepsis associated
encephalopathy and changes in cognitive damage, oxygen consumption, glucose metabolism and
oxidative damage. Bioenergetic damage associated with high glucose uptake and inflammatory
response leaded to oxidative damage. These acute changes
may be responsible for the cognitive
damage observed at this model and on clinical practice.