No campo da saúde, as mídias sociais têm sido cada vez mais utilizadas como fonte de informação e aconselhamento por meio da participação em grupos de pacientes organizados nas redes virtuais. No contexto do diabetes mellitus, as comunidades virtuais podem promover interações entre seus membros e dar voz aos portadores da doença e familiares, tornando-se uma estratégia para trazer à tona o “não dito” nos serviços de saúde. O estudo teve como objetivo analisar as interações e demandas de natureza informativa e de suporte social entre pessoas com diabetes mellitus participantes de comunidades virtuais. Trata-se de estudo exploratório, com abordagem qualitativa, analisado na perspectiva da Lógica do Cuidado, de Annemarie Mol. Foram analisadas as três comunidades virtuais abertas voltadas ao diabetes, com maior número de membros e postagens em português. A coleta de dados incluiu todas as postagens e comentários feitos nos anos de 2018 e 2019. A análise de conteúdo se deu por meio de Nuvem de Palavras como recurso para identificação dos núcleos de sentido. Os resultados mais relevantes se referem às comunidades virtuais como locais de apoio informacional para melhorar o autocuidado; como locais de suporte emocional e espiritual para encorajar mudanças comportamentais; como ambientes de discussão do processo terapêutico do diabetes. Os resultados também demonstraram que as interações assumem uma postura mais acolhedora, acionando a experiência de algumas pessoas para confortar outros participantes em momentos de angústia, dúvidas, desespero e tensão. Outras interações se preocupam mais com a dimensão clínica, em que participantes respondem dúvidas e questões a partir do conhecimento que desenvolveram a partir da experiência prática de viver com a doença. Em linhas gerais, eles sustentam suas recomendações na ordem biomédica, enfatizando os resultados obtidos pela medicina no tratamento da doença ou as informações validadas pelo saber médico. Os resultados apontaram que as comunidades virtuais podem contribuir como cenários de cuidado às pessoas com diabetes, proporcionando melhor aproximação entre as práticas profissionais e as necessidades de cuidado. A compreensão dos significados das informações compartilhadas pode contribuir para a realização de práticas de cuidado mais integrais e efetivas, de forma holística e que não se restrinja a abordagens de caráter biológico e tecnicista. Pode, ainda, se constituir em estratégia para auxiliar a pessoa com diabetes no cuidado de si, evidenciando o potencial das mídias sociais para a área da saúde como ferramentas transformadoras para os profissionais e empoderamento de pacientes.In the health field, social media has been increasingly used as a source of information and counseling, through participation in groups of patients organized in virtual networks. In the context of diabetes mellitus, virtual communities can promote interactions between their members and give voice to patients with the disease and family members, becoming a strategy to bring out the “unspoken” in health services. The study aimed to analyze interactions aimed at the need for social support among people with diabetes mellitus participating in the virtual communities. This is an exploratory study, with a qualitative approach, analyzed from the perspective of The Logic of Care, by Annemarie Mol. The three open virtual communities focused on diabetes were analyzed, with the largest number of members and posts in Portuguese. Data collection included all posts and comments made in 2018 and 2019. Content analysis took place through word cloud as a resource for identifying the meaning cores. The most relevant results refer to the Facebook virtual communities are places of informational support to improve self-care; are places of emotional and spiritual support to encourage behavioral changes; as environments for discussion the therapeutic process of diabetes. The results also showed that the interactions assume a more welcoming posture, triggering the experience of some people to comfort other participants, in moments of anguish, doubts, despair and tension. Other interactions are more concerned with the clinical dimension, in which participants answer questions based on the knowledge they developed from the practical experience of living with the disease. In general lines, they support their recommendations in the biomedical order, emphasizing the results obtained by medicine in the treatment of the disease or the information validated by medical knowledge. The results showed that virtual communities might contribute as care scenarios for people with diabetes, providing a better approximation between professional practices and care needs. Understanding the meanings of information shared can contribute to the development of more comprehensive and effective care practices, in a holistic way and not restricted to biological and technical approaches. It can be a strategy to assist the person with diabetes in his/her selfcare, evidencing the potential of social media for the health area and as transformative tools for professionals and patient empowerment.