Periodical
RADIS - Número 126 - Março
Registro en:
RADIS: Comunicação e Saúde. Rio de Janeiro: FIOCRUZ/ENSP, n. 126, mar 2013. 20 p. Mensal.
Autor
Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca
Resumen
A ideia de cidades saudáveis tem raízes na 1ª Conferência Internacional sobre a Promoção da Saúde, realizada no Canadá, em 1986, ano em que os princípios da Reforma Sanitária brasileira foram consagrados na 8ª Conferência Nacional de Saúde. Em maio de 2000, após ouvir especialistas para a revista Tema (vale conferir no site do Programa Radis), o editor Álvaro Nascimento descreve o conceito de cidade saudável como “o desafio da qualidade de vida em cada casa e comunidade... num mundo tão desigual em oportunidades quanto extraordinariamente generoso em ideias e promessas”, e o redator Caco Xavier como um processo que requer evolução contínua do conceito de saúde pública, um processo civilizatório na construção da urbe e a formação de redes de movimentos interligados e ao mesmo tempo autônomos.
Relembramos isso para que o leitor avalie os compromissos dos gestores municipais com a população (e agora com o Radis), tendo como referência não apenas o curto prazo, mas, principalmente, grandes ideais e o médio e o longo prazos. Nenhuma cidade brasileira é saudável, embora o investimento sério no SUS e iniciativas intersetoriais contínuas possam colocar algumas nesta direção. Ter a saúde e a sustentabilidade como meta já é um caminho.
Nos depoimentos, preocupa a discrepância orçamentária nos municípios e que alguns gestores recorram à alternativa privatizante das Organizações Sociais de Saúde, para exercer funções de Estado. Numa das capitais, conseguiu-se desmembrar o comando do frágil Sistema Único em três. Por outro lado, animam a previsão de concursos para resolver a carência de profissionais de saúde e a determinação de alguns secretários em construir um SUS 100% público, com ampliação da atenção básica e foco na integralidade e na qualidade.
São quatro anos para que as novas equipes mostrem a que vieram. Vamos torcer pelo sucesso de todos, pelo bem dessas regiões metropolitanas. Dentro de dois anos, talvez a reportagem da Radis apareça para conferir in loco e informar nossos leitores. Quem sabe não encontraremos secretários, equipes profissionais e os Conselhos Municipais de Saúde — tão pouco citados pelos gestores — seguindo o exemplo honroso de grandes sanitaristas que apostaram na municipalização da saúde como Gastão Wagner, David Capistrano Filho e Sergio Arouca.