Dissertation
Gastos catastróficos em saúde na população de Minas Gerais: tendências e associação com condições sociodemográficas entre 2009 e 2013
Registro en:
MACEDO, Jéssica de Brito. Gastos catastróficos em saúde na população de Minas Gerais: tendências e associação com condições sociodemográficas entre 2009 e 2013. 2020. 92 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva – Área de concentração em Epidemiologia) - Instituto René Rachou, Fundação Oswaldo Cruz, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Belo Horizonte, 2020.
Autor
Macedo, Jéssica de Brito
Resumen
Gastos catastróficos em saúde (GCS) são aqueles que ultrapassam uma porcentagem predeterminada dos gastos totais de uma família, da sua renda ou de sua capacidade de pagamento e podem impactar de forma importante a organização financeira familiar, em alguns casos levando essas famílias a evitarem a utilização dos serviços de saúde e até ao empobrecimento. O objetivo deste estudo foi analisar a evolução e a existência de associação com condições socioeconômicas nos gastos catastróficos em Minas Gerais entre os anos de 2009 e 2013, utilizando a Pesquisa por Amostra de Domicílios de Minas Gerais (PAD-MG). Trata-se de um estudo transversal que incluiu 48.238 famílias urbanas e rurais, selecionadas entre os 18 mil domicílios amostrados em cada ano da PAD-MG. Fizeram parte da amostra 15.924 famílias da PAD-MG de 2009, 17.053 famílias da PAG-MG de 2011 e 15.261 famílias da PAD-MG de 2013. A variável dependente foi o GCS, nos anos de 2009, 2011 e 2013, calculado utilizando o desembolso direto com saúde como numerador e a renda familiar como denominador. Foram considerados catastróficos os gastos com saúde que ultrapassaram os limites de 10% e 25% da renda familiar. As variáveis socioeconômicas do estudo foram anos de escolaridade do responsável pela família e escore de bens de riqueza categorizado em quintis. Realizou-se análise descritiva das variáveis independentes do estudo e estimou-se a prevalência de gastos catastróficos em saúde para os dois pontos de corte propostos. A associação entre o gasto catastrófico e as variáveis independentes foi testada por meio de regressão de Poisson univariada seguida de regressão múltipla com estimação das razões de prevalência e intervalos de confiança de 95% Foi incluído um termo de interação entre os quintis de escore de riqueza e o ano de realização da PAD-MG e deste com a escolaridade do responsável pela família para se avaliar mudanças nas desigualdades socioeconômicas relacionadas ao gasto catastrófico ao longo do tempo. As prevalências de GCS variaram entre os anos da pesquisa, sendo que o ano de 2011 apresentou os menores valores. Para o limite de 10%, as prevalências apresentadas foram 24,5% (2009), 18,9% (2011) e 21,4% (2013) e para o limite de 25% as prevalências foram 11,3% (2009), 9,0% (2011) e 11,2% (2013). Entre as despesas com saúde, o gasto com medicamentos foi o que representou a maior proporção (94%). No modelo final, verificou-se que as famílias cujos responsáveis pelo domicílio possuíam escolaridade de 12 ou mais anos apresentaram menor prevalência de GCS que aqueles que não estudaram nos limites de 10% (RP 0,65 IC95% 0,57-0,73) e 25% (RP 0,68 IC95% 0,56-0,84). De forma semelhante, as famílias com maior escore de riqueza apresentaram razões de prevalência de gastos catastróficos menores do que as famílias do primeiro quintil, 0,86 (IC95% 0,79-0,93 - limite de 10%) e 0,73 (IC95% 0,64-0,83 - limite de 25%). Concluiu-se que houve diminuição da prevalência de GCS entre 2009 e 2011 e aumento entre os anos de 2011 e 2013, foi observada a associação desse desfecho com fatores socioeconômicos e não houve mudanças nas diferenças socioeconômicas no período. Catastrophic health expenditures (GCS) are those that exceed a predetermined percentage of a family's total expenditures, income or capacity to pay and can significantly impact the family's financial organization, in some cases leading these families to avoid the use of health services and even impoverishment. The objective of this study was to analyze the evolution and the existence of an association with socioeconomic conditions in catastrophic spending in Minas Gerais between the years 2009 and 2013, using the Household Sample Survey of Minas Gerais (PADMG). This is a cross-sectional study that included 48,238 urban and rural families, selected from the 18,000 households sampled in each year of the PAD-MG. The sample included 15,924 families from PAD-MG in 2009, 17,053 families from PAGMG in 2011 and 15,261 families from PAD-MG in 2013.The dependent variable was the GCS, in the years 2009, 2011 and 2013, calculated using out-of-pocket expenditure as the numerator and family income as the denominator. Health expenditures that exceeded 10% and 25% of family income were considered catastrophic. The socioeconomic variables of the study were years of schooling of the person responsible for the family and score of wealth goods categorized in quintiles. A descriptive analysis of the independent variables of the study was carried out and the prevalence of catastrophic health expenditures for the two proposed cutoff points was estimated. The association between catastrophic expenditure and independent variables was tested using univariate Poisson regression followed by multiple regression with the estimation of prevalence ratios and 95% confidence intervals. An interaction term between wealth score quintiles and the year in which the PAD-MG was held and this year with the education of the person in charge of the family to assess changes in socioeconomic inequalities related to catastrophic expenditure over time. The prevalence of GCS varied between the years of the survey, with 2011 having the lowest values. For the limit of 10%, the prevalences presented were 24.5% (2009), 18.9% (2011) and 21.4% (2013) and for the limit of 25% the prevalences were 11.3% (2009), 9.0% (2011) and 11.2% (2013). Among health expenses, spending on medicines was the one that represented the largest proportion (94%). In the final model, it was found that families whose heads of household had an education of 12 or more years had a lower prevalence of GCS than those who did not study within the limits of 10% (PR 0.65 95% CI 0.57-0.73) and 25% (PR 0.68 CI 95% 0.56-0.84). Similarly, families with a higher wealth score had lower catastrophic spending prevalence ratios than families in the first quintile, 0.86 (95% CI 0.79-0.93 - 10% limit) and 0.73 (95% CI 0.64-0.83 - 25% limit). It was concluded that there was a decrease in the prevalence of GCS between 2009 and 2011 and an increase between the years 2011 and 2013, it was observed an association of this outcome with socioeconomic factors and there were no changes in socioeconomic differences in the period.