Article
Quando falar é difícil: a narrativa de crianças com câncer
Registro en:
MALTA, J. D. S. et al. Quando falar é difícil: a narrativa de crianças com câncer. Pediatria Moderna, v. 45, p. 194-198. 2009.
0031-3920
Autor
Malta, Júlia Dias Santana
Schall, Virgínia Torres
Reis, Juliana do Carmo
Modena, Celina Maria
Resumen
O artigo não possui resumo na sua publicação original. Neste campo, aqui no repositório, está a introdução do mesmo.
O artigo também não possui palavras-chave.
Numeração de páginas na revista impressa: 194 à 198. O câncer, além de ser uma enfermidade crônica que ameaça a vida, é uma doença que simboliza o desconhecido, o perigoso, o sofrimento, a dor e a culpa. Quando a pessoa que adoece é uma criança, todas estas reações emocionais podem ser mais intensas para o pequeno paciente, para os pais e para os irmãos (Grootenhuis & Last, 1997 Castillo & Chesla, 2003). Entre os tipos mais frequentes de câncer na infância estão a leucemia, tumores no sistema nervoso central, sistema linfático, rins, ossos e retina. O tratamento compreende três modalidades principais, quimioterapia, cirurgia e radioterapia, podendo ser realizado em um período que varia de seis meses a dois anos (INCA, 2006 e 2008).
Atualmente, o câncer é considerado um problema de saúde pública. Com o aumento do número de sobreviventes, enfatiza-se um novo olhar no cuidado dos pacientes da Oncologia pediátrica e suas famílias, baseado em uma abordagem multiprofissional que inclui serviços de apoio psicossocial, desde o diagnóstico até o período pós-tratamento, com o objetivo de assegurar uma melhor qualidade de vida, com o mínimo de sequelas físicas e emocionais (Silva et al., 2005).
A maioria das crianças que chega ao hospital não está preparada para enfrentar a doença e tudo que dela deriva. Em certos casos ela será separada da família para entrar no contexto de uma instituição que passará a fazer parte de sua vida. Aparecerão personagens novos com os quais ela passará a estabelecer relações bastante duradouras, os profissionais de saúde. Vivencia a quebra do seu ritmo de vida, necessitando de estratégias de enfrentamento para lidar com estas situações (Burke et al., 2001).
Na percepção das crianças a doença está ligada ao impedimento, à limitação de não poder fazer as coisas de que gosta ou que faz em seu cotidiano. Para as que estão hospitalizadas ou longe de casa para tratamento, a doença é algo que as separa da família, dos amigos, algo que as tira da escola e, ainda, causa indisposição, dor, falta de apetite e medo (Dupas & Moreira, 2003). Em seu trabalho, Françoso e Valle (2004) demonstraram como as crianças interagem com o ambiente hospitalar. Seus desenhos revelaram que a dor, a doença, a invalidez e o medo da morte são vivências e fantasias importantes para elas, tanto quanto os sentimentos de insegurança, insuficiência e inadequação.
A literatura especializada mostra que entre os aspectos mais frequentemente abordados nos trabalhos se encontra a dificuldade das crianças em vivenciar e perceber uma doença crônica como o câncer.
Considerando-se a relativa escassez de trabalhos que demonstram como crianças com câncer se expressam sobre a doença e que apontem formas de auxiliá-las no enfrentamento, o objetivo deste estudo foi descrever a percepção que elas têm da doença e, assim, entender esse momento de suas vidas, fornecendo indicações para o planejamento de uma assistência que atenda às suas reais necessidades.