Thesis
Avaliação da aceitação parental da vacina HPV após sua introdução no Programa Nacional de Imunização
Registro en:
LOBÃO, W. M. Avaliação da aceitação parental da vacina HPV após sua introdução no Programa Nacional de Imunização. 2018. 93 f. il. Tese (Doutorado em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa) - Instituto Gonçalo Moniz, Fundação Oswaldo Cruz, Salvador, 2018.
Autor
Lobão, William mendes
Resumen
INTRODUÇÃO: O vírus do papiloma humano (HPV) é responsável por quase todos os casos de câncer cervical, anal e pela maioria dos cânceres que afetam a vagina, a vulva, a orofaringe e o pênis, representando um importante problema de saúde pública, especialmente nos países em desenvolvimento. A vacina HPV foi introduzida no Programa Nacional de Imunização (PNI) em 2014, contudo as taxas de cobertura com a segunda dose da vacina estão abaixo de 50%. OBJETIVO: Estimar a aceitabilidade parental da vacina HPV para adolescentes menores de 18 anos em centros urbanos do Brasil após sua introdução no PNI. MATERIAIS E MÉTODOS: Realizamos uma pesquisa com pais de adolescentes menores de 18 anos através de entrevistas telefônicas de discagem digital aleatória em sete grandes cidades brasileiras entre julho de 2015 a outubro de 2016. Um questionário de conhecimento, atitude e práticas (KAP) foi desenvolvido e validado, utilizando os principais pressupostos do modelo de crença em saúde (HBM): susceptibilidade, gravidade, benefícios e barreiras percebidas. As variáveis independentes foram: dados sociodemográficos, conhecimento, atitudes e práticas dos pais em relação à vacina contra o HPV. Utilizamos o teste qui-quadrado (χ²) ou exato de Fisher, sendo os resultados considerados significativos para p<0,05. RESULTADOS: 826 dos 2.324 (35,5%) pais elegíveis completaram a entrevista. A maioria eram mulheres (85%), com idade média de 43,8 anos (18 a 82). A aceitação parental da vacina contra o HPV para filhas e filhos melhores de 18 anos foi alta (92% e 86%, respectivamente) e não diferiu significativamente entre as cidades. A aceitação da vacina para as filhas foi comparável entre mães e pais, 92,8% vs. 90,2% (p=0,319), respectivamente. Os pais que recusaram a vacinação foram menos propensos a saber que: o HPV é sexualmente transmissível, o HPV causa verrugas genitais, a vacina contra o HPV é mais benéfica quando administrada antes do início da vida sexual e que a maioria das reações da vacina contra o HPV são leves. Os pais que aceitam a vacina contra o HPV para as filhas, mas não para os filhos, eram menos propensos a saber que a vacina é recomendada para meninos. As atitudes significativamente associadas à aceitação da vacina contra o HPV incluíram: crença geral nas vacinas, confiança no PNI e crença na eficácia da vacina do HPV. Em contraste, os pais que acreditavam que a vacina HPV pode causar reações graves eram mais propensos a recusar a vacinação. Entre os 291 pais (37%) com filhas elegíveis para receber a vacina contra o HPV através do PNI (9 a 14 anos de idade), 207 (71,1%) relataram que sua (s) filha (s) receberam pelo menos uma dose e 170 (58,4%) duas ou mais doses. CONCLUSÕES: um ano após sua introdução no PNI, uma grande maioria dos pais entrevistados no Brasil aceitou a vacinação contra HPV para suas filhas e filhos. Nossos dados sugerem que as barreiras de vacinação contra o HPV não estão ligadas à falta de vontade dos pais para vacinar, mas sim a barreiras logísticas na entrega das vacinas. FAPESB BACKGROUND: Human papillomavirus (HPV) is responsible for almost all cases of cervical and anal cancers, and most cancers affecting the vagina, vulva, oropharynx, and penis, representing a major public health problem, especially in developing countries. In 2014, the Brazilian government introduced the quadrivalent vaccine against HPV in the National Immunization Program (NIP). However, coverage rates with the second dose of the vaccine are below 50%. OBJECTIVE: To estimate the parental acceptability of HPV vaccine for adolescents under 18 years in Brazilian urban centers after the introduction of this vaccine into the National Immunization Program (NIP). MATERIAL AND METHODS: We conducted a survey among 826 parents with children under 18 years through random digit-dialing telephone interviewing in seven major Brazilian cities, from July/2015 to October/2016. A knowledge, attitude and practices (KAP) questionnaire was developed and validated using the core assumptions of the Health Belief Model (HBM): perceived susceptibility, perceived severity, perceived benefits, and perceived barriers. The independent variables were the sociodemographic data, knowledge, attitudes and practices of parents towards the HPV vaccine. We used the chi-square test (χ²) or Fisher's exact test, and the results were considered significant at p <0.05.RESULTS: Out of 2,324 eligible parents, 826 completed the interview for a response rate of 35.5%. A majority of the survey sample were women (85%), with an average age of 43.8 years (18 to 82. The parental acceptance of the HPV vaccine for daughters or sons was high (92% and 86%, respectively), and did not change significantly in the different cities surveyed. Vaccine acceptance for daughters was comparable among mothers and fathers, 92.8% vs. 90.2% (p=0.319), respectively. Parents refusing vaccination were less likely to know that: HPV is sexually transmitted, HPV causes genital warts, HPV vaccine is more beneficial when given before sexual debut, and that most reactions to HPV vaccine are minor. Parents accepting HPV vaccine for daughters but not for sons were less likely to know it is recommended for boys. Attitudes significantly associated with HPV vaccine acceptance included: general belief in vaccines, trust in the NIP, and belief in HPV vaccine efficacy. In contrast, parents who believed HPV vaccine can cause severe reactions were more likely to refuse vaccination. Among 291 parents (37%) with daughters eligible to receive the HPV vaccine through the NIP (9 to 14 years of age) 207 (71.1%) reported that their daughter(s) had received at least one dose and 170 (58.4%) two or more doses. CONCLUSIONS: One year after its introduction in the NIP, a considerable majority of parents surveyed in Brazil accepted HPV vaccination for their daughters and sons. Our data suggest that HPV vaccination barriers are not linked to parental unwillingness to vaccinate, but to logistic barriers to vaccine delivery