dc.description | O objetivo desse estudo foi estimar a prevalência e investigar os fatores associados
ao acesso, pela população adulta brasileira, a medicamentos prescritos. Além disso,
foram descritos a presença de dispêndio monetário para obtenção, o local de
obtenção dos fármacos e os motivos para o não acesso. Com base em um
delineamento transversal, a partir dos dados da Pesquisa Nacional de Saúde de
2013, analisou-se uma amostra representativa da população brasileira, composta
por indivíduos maiores de 18 anos, que tiveram medicamentos prescritos por
profissional de saúde, nas duas semanas anteriores a realização da pesquisa. A
principal variável dependente foi o acesso a medicamentos prescritos, categorizada
em: acesso total (acesso a todos os medicamentos prescritos), acesso parcial
(acesso a alguns medicamentos prescritos), acesso nulo (nenhum acesso a
medicamentos prescritos). Como variáveis independentes, foram estudadas
condições demográficas (sexo, idade, cor da pele, relação conjugal), condições
socioeconômicas (macrorregião de residência, escolaridade), estilo de vida (prática
de atividade física), condições de saúde (número de doenças crônicas e
autoavaliação do estado de saúde) e acesso a serviços de saúde (domicílio
cadastrado na Estratégia Saúde da Família - ESF, filiação a plano de saúde, e último
local de atendimento). Realizou-se análise descritiva dos dados, seguida por análise
bivariada por meio do teste qui-quadrado com correção de Rao Scott e regressão
logística multinomial. Os resultados mostraram alta prevalência de acesso total a
medicamentos no Brasil [83,0%, IC (95%) 81,3-84,6)] e regiões (Sudeste: 83,6%,
Sul: 85,4%, Centro-oeste: 83,1%, Nordeste: 81,7% e Norte: 74,4%). A maioria dos
indivíduos teve dispêndio monetário com a obtenção dos fármacos (63,9%), sendo
que os principais motivos para o não acesso a todos os medicamentos foram a
indisponibilidade do medicamento no serviço público de saúde (57,6%) e a ausência
de dinheiro para a compra (11,9%). A partir da análise ajustada, observou-se, no
Brasil, maiores chances de acesso parcial para os indivíduos do sexo feminino e
pessoas cujo último local de atendimento foi o serviço público. Maior chance de
acesso nulo foi associada à cor de pele não branca. Entre as regiões, as pessoas
cujo local do último atendimento foi o serviço público apresentaram
significativamente mais chances de acesso parcial no Sudeste, Sul e Nordeste. De
forma geral, os resultados revelam que o acesso a medicamentos é desigual e
associado a condições socioeconômicas. Assim, o fortalecimento do SUS é
fundamental para a distribuição gratuita de fármacos, de modo a reduzir as
iniquidades no acesso a medicamentos. | |
dc.description | This study aimed to estimate the prevalence and investigate the factors associated
with access to prescribed medicines among Brazilian adult population. In addition,
the study described the presence of monetary expenditure to access, the sources for
obtaining and the reasons for not accessing the medicines. This was a crosssectional
study with data from the 2013 National Health Survey. The sample was
representative of individuals 18 years and older who had medicine prescription by a
health professional in the two weeks prior to the survey. The main dependent
variable was access to prescribed medicines, categorized as full access (access to
all prescribed medicines), partial access (access to some prescribed medicines), no
access (no access to prescribed medication). Independent variables were the
following: demographic (gender, age, skin color, marital relationship), socioeconomic
status (country region, schooling), life style (physical activity), health status (number
of chronic diseases and self-rated health) and access to health services (home
registered in the Family Health Strategy, health insurance and place of last health
attendance). Data analysis included a descriptive analysis, followed by bivariate
analysis using the Rao Scott test and multinomial logistic regression. The results
showed a high prevalence of full access in Brazil [83.0% (95% CI 81.3 to 84.6)] and
regions (Southeast: 83.6%, South: 85.4%, Midwest: 83.1% Northeast: 81.7% and
North: 74.4%). Most individuals accessed the medicines by means of monetary
expenditure (63.9%) and the main reasons reported for non-access were the
unavailability of medicine in the public health service (57.6%) and lack of money for
purchase (11.9%). The adjusted analysis for Brazil showed higher chances of partial
access among women and people whose last health attendance was in the public
service. Greater chance of no access was associated with non-white skin color. In
Southeast, South and Northeast people whose place of last health attendance was
the public service had significantly more chance of partial access. Overall, the results
show that access to medicines is unequal and associated with socioeconomic
conditions. Thus, strengthening the public health system is essential for the delivery
of prescribed medicines free of cost in order to reduce inequities access to
medicines. | |