Dissertation
Homicídios em Porto Alegre, 1996: análise ecológica de sua distribuiçäo e contexto socioespacial
Fecha
1999Registro en:
SANTOS, Simone Maria dos. Homicídios em Porto Alegre, 1996: análise ecológica de sua distribuição e contexto socioespacial. 1999. 131 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 1999.
BR526.1; R364.152098165, S237h
Autor
Santos, Simone Maria dos
Institución
Resumen
Na última década, em Porto Alegre, o aumento dos homicídios e dos acidentes de
transporte tornou as causas externas o principal grupo de causas de morte entre 5 e 34
anos de idade. A identificação de grupos expostos a fatores correlacionados à violência é
fundamental para sua prevenção. O objetivo geral deste estudo é analisar a distribuição
espacial das residências das vítimas de homicídios no município de Porto Alegre, em
1996, visando identificar o seu contexto socioespacial.
Foram utilizados indicadores demográficos e socioeconômicos, provenientes do
censo demográfico de 1991 e contagem populacional de 1996, para caracterizar os
setores censitários que compõem o município, através de análise de aglomerados, pelo
método K-means. A mortalidade por homicídios, acidentes de transporte e suicídios,
proveniente do sistema de informações sobre mortalidade de 1996, foi localizada
pontualmente em malha digital de arruamento, através do sistema de informações
geográficas do município. A distribuição espacial dos óbitos e da população foi analisada
através de métodos de alisamento de Kernel. A análise do índice de homicídios,
construído através da razão entre estas distribuições, permitiu a identificação de
microáreas de diferentes índices de homicídios. Estas microáreas foram caracterizadas
pelos indicadores socioeconômicos e pela presença de escolas, serviços de saúde,
delegacias e postos de polícia militar.
Foram identificados quatro grupos que delimitaram microáreas socioeconômicas,
diferenciados com maior peso dos indicadores relacionados às condições de moradia. As
microáreas da periferia urbana, onde se concentram as favelas, com piores indicadores
socioeconômicos apresentaram maior índice de homicídios. Por outro lado, os dois
grupos de melhor renda e escolaridade apresentaram índices de homicídios menores,
mas com níveis de homicídios muito diferenciados entre si. Quando o município foi
dividido em microáreas de três níveis de índices de homicídios, as médias dos
indicadores que se diferenciaram entre os níveis foram: o número de habitantes por
cômodo, renda, instrução e medianas etárias, mas com grande variabilidade interna. A
distribuição dos equipamentos públicos de segurança e educação, mostrou-se deficitária
nas microáreas com alto índice de homicídios.
A classificação de microáreas através de indicadores socieconômicos mostrou
capacidade limitada para identificar populações expostas aos homicídios. Pode-se inferir
que as condições socioeconômicas não determinaram, por si só, os comportamentos
violentos. Esta determinação depende da combinação com outros fatores que têm
participação importante no perfil de cada local. Sugere-se a busca de novos indicadores
que sejam capazes de diferenciar os grupos vulneráveis, com maior precisão. Os
métodos espaciais utilizados permitiram a identificação de microáreas que concentram
óbitos, cujas populações devem ser enfocadas no planejamento de ações de prevenção
das mortes violentas.