Dissertation
O direito à saúde e o diagnóstico tardio do câncer de mama na região sudoeste da Bahia
Date
2016Registration in:
ATAÍDE, Rita de Cássia Natividade. O direito à saúde e o diagnóstico tardio do câncer de mama na região sudoeste da Bahia. 2016. 72 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2016.
Author
Ataíde, Rita de Cássia Natividade
Institutions
Abstract
O objetivo deste trabalho foi analisar os fatores que contribuem para o diagnóstico tardio do
câncer de mama em mulheres da Região Sudoeste da Bahia atendidas no SUS, à luz do direito
à saúde garantido na Constituição e nas ações previstas na Política Nacional de Atenção
Oncológica. O diagnóstico tardio da doença (estádio III e IV da classificação TNM) ocorreu
em 47,8% dos casos matriculados em 2015 na Unacon de Vitória da Conquista em estádio III
e IV, onde foi realizado um estudo descritivo, com inclusão de 30 mulheres em tratamento.
Aplicado formulário semiestruturado. As variáveis foram comparadas pelo teste qui-quadrado
de Pearson por simulação Monte Carlo, nível de confiança de 95% (α = 0,05). Os dados
objetivos também foram analisados levando em consideração as falas das pacientes. A média
de idade foi de 56 anos (± 11,5), predominando mulheres de cor parda e negra (83,3%),
casadas (50%), com baixo grau socioeconômico e de escolaridade (63,3%). Apenas 30%
responderam já ter suas mamas examinadas numa UBS, associada à região de Itapetinga (p <
0,05). Algumas pacientes relacionaram a falta do ECM ao descaso do profissional. 60% das
mulheres nunca haviam feito a mamografia antes e dentre as que fizeram, houve associação
com a faixa etária de 51-69 anos (p < 0,05). Houve relatos de dificuldade de acesso. A
maioria (80%) informou saber fazer o autoexame, independente de outras variáveis (p > 0,05),
no qual 70% tiveram como primeiro achado o nódulo na mama. A maioria (76,6%) teve
acesso à primeira consulta em até 03 meses, havendo associação com a faixa etária entre 51-
69 anos (p < 0,05). 30% não tiveram o câncer reconhecido nesta consulta, a maioria na rede
pública, com depoimentos contundentes. Apenas 16,7% fizeram seus exames diagnósticos
exclusivamente pelo SUS, associação com a região de Vitória da Conquista (p < 0,05), sendo
a biópsia apontada como mais difícil. Referidos sentimentos na confirmação da doença. Neste
estudo, os principais fatores do diagnóstico tardio do Ca de mama na região foram: tempo de
realização da primeira consulta após a detecção do sinal/sintoma na mama; falta de
reconhecimento da doença pelos profissionais de saúde na primeira consulta; e tempo entre a
primeira consulta e a confirmação da doença. Esforços devem ser concentrados na educação
permanente dos profissionais, na educação em saúde da população, na estruturação da rede
especializada dos municípios e no desafio da organização da rede de atenção oncológica. A
região tem potencial para diminuir a distância entre o texto legal de universalidade,
integralidade, gratuidade e equidade e a realidade.