Thesis
Distúrbio de voz relacionado ao trabalho e estratégias de enfrentamento em professoras da rede pública estadual de Alagoas
Fecha
2013Registro en:
FERRACCIU, Cristiane Cunha Soderini. Distúrbio de voz relacionado ao trabalho e estratégias de enfrentamento em professoras da rede pública estadual de Alagoas. 2013. 153 f. Tese (Doutorado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2013.
Autor
Ferracciu, Cristiane Cunha Soderini
Institución
Resumen
O presente estudo teve como objetivo analisar o distúrbio de voz relacionado ao
trabalho e estratégias de enfrentamento em professoras da rede pública estadual de
Alagoas. Trata-se de uma investigação epidemiológica de corte seccional-analítico com
110 professoras do ensino fundamental da rede estadual de ensino de Alagoas, que
foram submetidas à análise perceptivo-auditiva da voz e preenchimento dos seguintes
protocolos: Condição de Produção Vocal do Professor – CPV-P; Perfil de Participação e
Atividades Vocais – PPAV; Protocolo de Estratégias de Enfrentamento das Disfonias –
PEED; Índice de Capacidade para o Trabalho – ICT; e a Escala de Desequilíbrio
Esforço-Recompensa- DER. Foi utilizado o Índice de Concordância de Kappa a fim de
medir o grau de concordância entre os momentos para cada um dos avaliadores e o
Coeficiente Alfa de Cronbach para verificar a consistência interna das escalas ICT,
PPAV, DER e PEED. Foram utilizados teste de qui-quadrado de Pearson e t-Student (ou
Exato de Fisher e Mann-Whitney quando necessário), modelos de regressão de Poisson
multivariado e o teste de Wald para verificar se o modelo era estatisticamente
significativo (p < 0,001). Os softwares estatísticos usados para análise dos dados foram
SPSS na versão 17 e o STAT na versão 11. Os principais resultados encontrados foram:
média de idade de 45,81 anos ± 7,41 anos, 95,5% com ensino superior completo, 50,9%
lecionavam de 11 a 20 anos e 49,1% apresentaram carga horária semanal de 21 a 30
horas. 67,3% referiram que sempre há poeira no local, 54,5% que a escola é sempre
ruidosa (54,5%), 50,9% que o ruído é sempre desagradável e sempre forte (45,5%).
57,3% referem ritmo de trabalho estressante, 54,5% relatam que fatores do trabalho
interferem na sua saúde, 56,4% referem indisciplina em sala de aula e 47,3% referem
brigas. Os sintomas vocais mais frequentes foram: garganta seca (54,5%), pigarro
(42,7%) e ardor na garganta (42,7%). “Falar muito” foi o hábito no trabalho mais
frequente com 80,0%. 44,6% das professoras do grupo CDV lecionavam de 11 a 20
anos (p = 0,028); 49,1% lecionavam em duas a três escolas (p= 0,004); 48,6%
trabalhavam em escolas que sempre tinham depredações (p= 0,037); 50,0% afirmaram
que sempre havia violência contra os funcionários (p= 0,008); 66,7% faltavam sempre
ao trabalho por alterações vocais (p= 0,025); e 57,1% apresentaram como sintoma a
secreção/catarro na garganta (p=0,019). 44,0% da faixa etária mais jovem (até 39 anos)
apresentaram Alto DER e 60,0% com Baixo ICT trabalhavam em outro local diferente
da escola (p=0,011). Nas análises das regressões multivariadas, as associações que se
mantêm com o distúrbio de voz são: tempo que leciona, intervenção da polícia na
escola, tiros, fumaça no local de trabalho, temperatura agradável e tamanho da sala
adequado ao número de alunos. Portanto, os grupos CDV e SDV apresentaram
diferenças significantes entre as variáveis tempo que leciona, n° de escolas que leciona,
depredações, violência contra os funcionários, já faltou ao trabalho por alterações vocais
e secreção/catarro na garganta e autopercepção vocal. Não houve associação
significante entre a presença do distúrbio de voz e a perda da capacidade para o
trabalho, o impacto vocal nas atividades diárias, o estresse no trabalho e os tipos de
estratégias de enfrentamento, porém se verificou que as professoras CDV apresentam
uma tendência ao uso de estratégias-foco no problema. A faixa etária acima de 11 anos
de docência, a ocorrência sempre de intervenção da polícia na escola, de tiros, de
fumaça no local e nunca ser adequado o tamanho da sala ao número de alunos foram os
fatores independentes associados à presença de distúrbio de voz.