Article
Endocardite infecciosa: o que mudou na última década?
Fecha
2013Registro en:
SALGADO, Ângelo A.; LAMAS, Cristiane C.; BÓIA, Márcio N. Endocardite infecciosa: o que mudou na última década? Revista HUPE, v. 12, supl. 1, p. 100-109, 2013.
2674-8207
10.12957/rhupe.2013.7088
Autor
Salgado, Ângelo A.
Lamas, Cristiane C.
Bóia, Márcio N.
Institución
Resumen
A endocardite infecciosa (EI) é uma doença de alta morbidade e letalidade, apesar do avanço no diagnóstico clínico, do advento de novos tipos de antibióticos e do aperfeiçoamento de técnicas cirúrgicas. A padronização de critérios clínicos e laboratoriais de diagnóstico e a uniformização de condutas terapêuticas são estratégicas para melhorar o impacto da doença. Um achado importante na patogenia da EI é a lesão endotelial por turbulência do fluxo sanguíneo, seja o gerado por uma valva defeituosa (reumática, valva aórtica bicúspide, prótese valvar disfuncionante), ou por anomalia congênita (comunicação interventricular, cardiomiopatia
hipertrófica obstrutiva, coarctação aórtica). A presença de dispositivos intracardíacos, como marcapassos e desfibriladores implantáveis, pode servir como suporte para a fixação de trombos e vegetações. Nas EIs são acometidas mais comumente as valvas mitral (40%) e aórtica (34%), seguida pelo acometimento de ambas. As infecções das valvas tricúspide e/ou pulmonar ocorrem mais em usuários de drogas endovenosas e como complicação relacionada à infecção de cateter vascular profundo. A valva pulmonar é raramente acometida. As vegetações são avascularizadas, tornando o tratamento difícil pelo baixo acesso dos antibióticos aos
micro-organismos, o que exige tempo de tratamento prolongado e alta concentração sérica de antibióticos administrados por via parenteral. O ecocardiograma transtorácico (ETT) e o transesofágico (ETE) são de extrema importância para o diagnóstico, prognóstico, avaliação de complicações e para o seguimento dos pacientes com EI. Na presença de valvas degeneradas, calcificadas ou na presença de próteses mecânicas ou dispositivos intracardíacos, a utilização do ETE é de escolha para a visualização de vegetações. Propõem-se esquemas terapêuticos para as diferentes apresentações clínicas da endocardite, com base no agente etiológico provável e, quando possível, no agente isolado, utilizando-se protocolos internacionais de tratamento e adaptando-os ao contexto brasileiro.