Thesis
Do nicho ao bicho: ferramentas de predição para a vigilância da Febre Maculosa no Brasil
Fecha
2020Registro en:
RODRIGUES, Claudio Manuel. Do nicho ao bicho: ferramentas de predição para a vigilância da Febre Maculosa no Brasil. 2020.186f. Tese (Doutorado em Meio Ambiente) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2020.
Autor
Rodrigues, Claudio Manuel
Institución
Resumen
Introdução: A febre maculosa (FM) é uma doença infecciosa causada por
bactérias do gênero Rickettsia sp. veiculada no Brasil principalmente por carrapatos
do gênero Amblyomma sp., reconhecidamente comuns às áreas de pastagem, bordas
de matas e margens de rios. Reconhece-se quase que uma absoluta prevalência de
casos e, por conseguinte, de hospitalizações e de óbitos na região Sudeste, quando
analisada a situação epidemiológica da doença em outras regiões do país.
Acompanhando as premissas da Saúde Única, acreditamos que a crescente atividade
humana impacta os ecossistemas naturais, perturbando as suas estruturas e funções,
o que leva a perda e alteração da biodiversidade. Dessa forma, quando trasladados
para a perspectiva da FM, estes efeitos levam às alterações no bem-estar e na saúde
dos coletivos humanos, visto que tanto agentes riquetsiais, como seus vetores e
hospedeiros, contribuem para a difusão da doença em áreas de recente processo de
urbanização. Objetivo: Discutir o uso de ferramentas de predição para a vigilância da
FM, à luz dos conceitos da Saúde Única, no território brasileiro. Metodologia: Revisão
da literatura especializada sobre aspectos ecológicos e epidemiológicos da FM no
país; revisão narrativa a respeito das perspectivas da Saúde Única, em uma análise
crítica frente aos movimentos correlatos da Ecologia Médica e da Ecohealth, quanto
aos aspectos envolvidos na reemergência de zoonoses nos últimos anos; estudo
epidemiológico sobre casos de FM entre os anos de 2007 e 2016 nos três estados de
maior incidência da doença no Brasil; desenvolvimento de um modelo de
adequabilidade climática para quatro espécies de carrapatos de importância para a
transmissão da FM no país; e produção de um mapa de perigo para a transmissão da
FM no estado do Rio de Janeiro. Resultados: Dentre outros, destaque para a
espacialização e especialização da atenção à Saúde e aumento de casos urbanos e
domiciliares de FM nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro;
validação por especialistas da adequabilidade climática para quatro espécies de
carrapatos de importância epidemiológica para a FM no território nacional; e produção
de um mapa de perigo para distintos cenários de transmissibilidade de FM no estado
do Rio de Janeiro. Conclusão: É essencial estimular mecanismos preditivos de
vigilância da FM que observem as relações ecológicas entre vetores e hospedeiros,
principalmente de áreas ditas em silêncio epidemiológico ou que sofreram acelerado
processo de degradação ambiental. Assim, os modelos de predição desenvolvidos na
tese, quando associados às metodologias de análise de situação epidemiológica,
poderão ser úteis no planejamento de ações de vigilância e na gestão da atenção à
saúde.