Dissertation
Avaliação da resposta imune em pacientes com candidíase vaginal recorrente
Fecha
2002Registro en:
CARVALHO, Lucas Pedreira de. Avaliação da resposta imune em pacientes com candidíase vaginal recorrente. 2002. 73 f. Dissertação(Mestrado em Patologial) - Universidade Federal da Bahia. Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz, Fundação Oswaldo Cruz, Salvador, 2002.
Autor
Carvalho, Lucas Pedreira de
Institución
Resumen
A candidíase vaginal recorrente é uma doença de distribuição mundial causada pelo fungo do gênero Candida. Caracterizada pela ocorrência de pelo menos 4 episódios de candidíase no período de 1 ano, esta doença atinge cerca de 5 por cento das mulheres sadias no mundo. O mecanismo pelo qual ocorre a transformação da Candida da sua forma não patogênica para a forma patogênica não é esclarecido. Trabalhos contraditórios têm sido publicado a respeito da imunopatogênese da candidíase vaginal recorrente. Enquanto alguns estudos mostram diminuição da resposta linfoproliferativa e do teste intradérmico de hipersensibilidade tardia para o antígeno de Candida nestas pacientes, outros não encontram diferença entre os níveis de citocinas de pacientes com candidíase vaginal recorrente e mulheres sadias. Resposta alérgica (hipersensibilidade tipo I) com altos níveis de IgE e presença de eosinófilos também tem sido reportadas em pacientes com candidíase vaginal recorrente. O presente estudo teve como principal objetivo caracterizar a resposta imune em pacientes com candidíase vaginal recorrente e avaliar o papel de citocinas e antagonistas de citocinas na modulação da resposta imune nestas pacientes. Participaram deste estudo 20 pacientes com diagnóstico de candidíase vaginal recorrente e 7 mulheres com candidíase vaginal esporádica como controle. Para a análise da resposta linfoproliferativa e para a dosagem de citocinas, CMSP foram lavadas e incubadas em presença de antígeno de C. albicans, PPD, TT ou PHA por 72 horas para a dosagen de citocinas ou 5 dias para o ensaio de transformação blástica. Em algumas culturas foram adicionadas anticorpos monoclonais anti-IL4, anti-ILl0 ou IL-12 humana recombinante. A resposta linfoproliferativa foi realizada através da incorporação de 3H Timidina e a dosagem de IFN-y, IL-5 e IL-l0 foi realizada pela técnica de ELISA sanduiche. Todas as pacientes com candidíase vaginal recorrente tiveram teste de hipersensibilidade tardia para o antígeno de C. albicans negativo. A resposta linfoproliferativa para o antígno de C. albicans foi baixa nas 7 pacientes nas quais foi feita a avaliação (1239 ± 861 cpm). Índices de estimulação mais elevados (p<0,05) foram observados quando PPD (IE=4,5) ou TT (IE=32) foram utilizados como estímulo nas culturas destes, pacientes em comparação com culturas estimuladas com antígeno de C. albicans (IE=I,3). A produção de IFN-y em 19 pacientes variou de 0 a 1132 pg/ml com média e desvio padrão de 144 ± 329 pg/ml. Ausência de produção de IFN-y foi observada em 8 pacientes, baixa produção foi observada em 9 pacientes e apenas 2 pacientes produziram níveis elevados de IFN-y. Nos sobrenadantes de culturas de células mononucleares de mulheres com candidíase vaginal esporádica foram encontrados altos níveis de IFN-y quando estimuladas com antígeno de C. albicans (353 ± 248 pg/ml). Baixos níveis de IL-5 e IL-lO foram encontrados nos sobrenadantes de culturas de pacientes com candidíase vaginal recorrente estimuladas com antígeno de C. albicans (39 ± 60 pg/ml e 16 ± 32 pg/ml, respectivamente). A adição de anticorpos monoclonais anti - IL-l0 às culturas estimuladas com antígeno de C. albicans restaurou a resposta linfoproliferativa e a produção de IFN-y de SS9 ± 339 cpm, para 3421 ± 1908 cpm e de 64 ± 70 pg/ml, para 750 ± 753 pg/ml respectivamente. A adição de anticorpos monoclonais anti-IL-4 não restaurou a resposta linfoproliferativa ou a produção de 1FN -y. A adição de 1L-12 recombinante humana foi capaz de restaurar a produção de 1FN-y de todas as pacientes com candidíase vaginal recorrente (p = 0,0004). Pacientes com candidíase vaginal recorrente apresentaram altos níveis de 19E sérica específica para o antígeno de C. albicans, embora não tenha havido diferença entre os níveis de 19E sérica antígeno específica quando estes dados foram comparados com os níveis encontrados em controles. Estes resultados indicam que a maioria das pacientes com candidíase vaginal recorrente apresentam uma incapacidade de produzir 1FN -y quando células mono nucleares são estimuladas in vitro com antígeno de C. albicans e que a neutralização de 1L-l0 ou a adição de 1L-12 restaura esta produção. Estes dados contribuem para o entendimento da imunopatogênese desta importante enfermidade e abre perspectivas para a utilização da imunoterapia no tratamento da candidíase vaginal recorrente.