dc.description.abstract | A comunicação é um processo relacional, dinâmico, complexo, multidimensional e prática social. A atitude frente a morte é influenciada por fatores sociais e culturais. As pessoas são categorizadas pela sociedade e a emoção é fato social coercitiva sobre o indivíduo. Assim, percebe-se a relevância de analisar a interpretação da comunicação das diferentes mortes em um hospital de emergência. Compreender as múltiplas significações da morte e analisar os elementos que influem na sua comunicação por médicos, na condição de sujeitos culturais, em um hospital de emergência de uma metrópole brasileira. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, ancorada na Antropologia Interpretativa e Médica. A experiência humana é profundamente uma experiência moral, determinada por fatores socioculturais. O campo é um hospital público de emergência, referência em trauma na América Latina. A população estudada foi composta por médicos que atuam em setores específicos para pacientes graves com risco de morte. A coleta de dados deu-se durante nove meses de observação participante para imersão no universo sociocultural dos médicos da instituição e foram realizadas 43 entrevistas com roteiro semiestruturado. A análise foi êmica e guiada pelo modelo dos signos, significados e ações. As ações médicas no hospital de emergência frente a comunicação da morte são geralmente de luta e fracasso, porém algumas mortes são interpretadas como mais aceitas e outras como piores em se comunicar. Conforme quem morre, a situação, o contexto, a religião e a formação médica, a morte é significada como injusta, fora de hora, insucesso, frustrante, questionável ou pesarosa. Ou ainda como um alívio, justa, aguardada, prevista e esperada. Existem flexíveis arranjos na interpretação da morte na emergência, em que a preponderância e a transversalidade do paradigma biomédico convivem com outros valores socioculturais. Nesse contexto, significar determinada morte como aceitável é interpretado como consequência do contexto institucional, de valores socioculturais ou de mecanismos defensivos para realizar seu trabalho. Os elementos apontados podem subsidiar intervenções, planejamento e gestão na atenção à saúde nos hospitais de emergência acerca do processo comunicacional quanto no âmbito da educação, da saúde do trabalhador e da organização institucional. | |