Dissertation
A greve que durou dois anos: perspectivas sobre crise, trabalho e saúde na UERJ segundo o comando de greve docente
Fecha
2020Registro en:
FERNANDES, Clarice Cardoso. A greve que durou dois anos: perspectivas sobre crise, trabalho e saúde na UERJ segundo o comando de greve docente. 2020. 73 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2020.
Autor
Fernandes, Clarice Cardoso
Institución
Resumen
Esta pesquisa analisa a greve de professores da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (UERJ) ocorrida em 2016 no Estado do Rio de Janeiro e suas repercussões na saúde e
trabalho docente. A greve teve como pivô a forma como a crise fiscal do estado atingiu a
universidade, momento em que as medidas adotadas pelo governo culminaram em atrasos no
pagamento de salários dos servidores e de bolsas de estudos; demissão em massa de
funcionários terceirizados (limpeza, manutenção e segurança); e risco de fechamento da
instituição. No caso emblemático da UERJ, alguns servidores tiveram a própria subsistência
ameaçada devido aos atrasos nos salários e a outras situações que os levaram a decidir pela
greve como meio de lutar por seus direitos. Para tanto, com base na teoria da determinação
social do processo saúde-doença e do campo da saúde do trabalhador, esta análise assumiu
como ponto de partida que as entidades representativas possuem um papel importante na
compreensão das condições de vida e trabalho, possibilitando a coesão e a motivação para a
luta dos trabalhadores, facilitando laços de solidariedade e, por conseguinte, acionando
estratégias coletivas de defesa. Sendo assim, como método de apreensão da realidade, foram
realizadas entrevistas semiestruturadas com cinco docentes componentes do “comando de
greve”, seguindo-se a técnica snow ball. Os dados foram interpretados por meio da técnica de
análise temática, que consiste em identificar os núcleos de sentido que compõem um texto.
Desta forma, extraíram-se cinco temas: “A dramática história recente da UERJ e a organização
da resistência docente”; “A pedagogia da greve”; “Os sentidos de saúde que atravessaram a
greve”; “O comando de greve”; e “Significações da greve: UERJ Resiste e existe”. Os
resultados apontam que, durante quase dois anos, a universidade permaneceu num estado de
greve, lutando pela manutenção de direitos e, na opinião dos entrevistados, a greve ainda é
considerada um instrumento válido de organização e luta, embora seja um processo desgastante,
com diversas implicações na saúde. Apesar de todo o desgaste, o movimento “UERJ Resiste”
se estabeleceu como um instrumento de força e ânimo ao unir estratégias políticas de classe a
uma identidade institucional.