Article
Ecologização urbana emancipatória no Sul Global: diálogos interdisciplinares e interculturais sobre moradia, alimentação e cuidado no Brasil
Fecha
2021Registro en:
PORTO, Marcelo Firpo de Souza et al. Ecologização urbana emancipatória no Sul Global: diálogos interdisciplinares e interculturais sobre moradia, alimentação e cuidado no Brasil. Julho, 2021. Tradução do artigo: Emancipatory urban greening in the global south: interdisciplinary and intercultural dialogues and the role of traditional and peasant peoples and communities in Brazil.
Autor
Porto, Marcelo Firpo
Fasanello, Marina Tarnowski
Rocha, Diogo Ferreira da
Palm, Juliano Luis
Institución
Resumen
Este artigo discute questões teóricas, metodológicas e políticas relacionadas à ecologização urbana no Sul Global, bem como alternativas emancipatórias para vislumbrar cidades mais inclusivas, democráticas, sustentáveis e saudáveis. Sustentamos que o papel dos povos e comunidades tradicionais e camponeses – incluindo indígenas, quilombolas e outros – é estratégico para pensar em alternativas e ações voltadas para a transição paradigmática que supere a visão da modernidade eurocêntrica. Tal visão gera barreiras artificiais que dividem o campo e as cidades, a sociedade e a natureza, a vida e a economia, bem como sujeitos e objetos na produção e compartilhamento de conhecimentos. Esses povos e comunidades designam uma diversidade de situações sociais que têm como denominador comum condições de existência consideradas contrastantes com a "modernidade", situada às margens das representações de "desenvolvimento" e "progresso" dos poderes econômicos e políticos hegemônicos. Nossos argumentos são empiricamente baseados em experiências desenvolvidas no Brasil com diálogos interdisciplinares e interculturais realizadas nos últimos anos. Os eventos denominados "Encontros de Saberes" reuniram grupos acadêmicos e diferentes movimentos sociais e organizações comunitárias envolvendo lutas sociais e temas como saúde, justiça e conflitos ambientais, segurança e soberania alimentar, agroecologia, entre outros. Esses encontros pretendem potencializar interações interculturais e interdisciplinares entre agentes que trabalham juntos em diferentes territórios com conhecimentos e experiências concretas. Os conteúdos gerados pelos debates realizados nesses eventos e seus desenvolvimentos retratam experiências sociais que reforçam a hipótese subjacente por detrás deste artigo: as lutas sociais envolvendo a interação entre populações tradicionais e agrícolas com espaços urbanos no Sul Global fornecem evidências importantes para agendas de pesquisa sobre processos emancipatórios emergentes relacionados à ecologização urbana. Na primeira parte do texto, discutimos o conceito de Sul Global como complexo e estratégico para pensar a ecologia urbana para além das legítimas agendas emancipatórias produzidas no contexto do Norte Global. Em seguida, analisamos o significado histórico, social e epistemológico dos povos indígenas, quilombolas e camponeses no contexto brasileiro, analisando tanto contradições e ameaças recentes, quanto seu papel no surgimento de agendas emancipatórias em curso, incluindo a interação com as cidades. Por fim, mostramos exemplos relacionados às lutas sociais, primeiro de um grupo étnico indígena na região amazônica, e depois em duas grandes cidades brasileiras, envolvendo movimentos sociais e organizações comunitárias que integram ações de moradia digna, saneamento, saúde e alimentação, além do resgate do conhecimento ancestral.