Investigação para a circulação do vírus do oeste do Nilo e outros flavivírus no Pantanal de Mato Grosso do Sul

Abstract

Apesar de evidências sorológicas da circulação do vírus do oeste do Nilo (WNV) na Argentina, Colômbia e Venezuela, este vírus ainda não foi detectado na maioria dos países da América do Sul. Em 2009 e 2010 foi realizada uma investigação para a circulação de WNV em artrópodes, equídeos, ovinos e crocodilianos do Pantanal de Mato Grosso do Sul, Brasil. Um total de 4514 artrópodes e 90 amostras de soro de crocodiliano foi submetido ao isolamento viral e RT-PCR para detecção de flavivírus. Paralelamente, amostras de soro de 892 equídeos, 238 ovinos, 90 crocodilianos foram inicialmente submetidas ao ensaio de imunoabsorção por ligação enzimática de bloqueio de epitopos específico para flavivírus (ELISA de bloqueio). As amostras soropositivas foram sequencialmente submetidas ao teste de neutralização por redução de placas (PRNT90) para WNV e outros onze flavivírus que circulam no Brasil para confirmar a detecção de anticorpos neutralizantes específicos. O vírus Ilhéus foi isolado de espécimes de Ochlerotatus scapularis e potenciais novos flavivírus foram detectados em grupos de Culex chidesteri e Mansonia pseudotitillans. Todas as amostras de crocodilianos foram negativas no isolamento viral e RT-PCR Todos os crocodilianos e ovinos foram negativos para a presença de anticorpos específicos para flavivírus por ELISA de bloqueio. Entre as 466 (52,2%) amostras de soro de equídeo soropositivas no ELISA de bloqueio, 94 (10,5%) foram soropositivas para o vírus Ilhéus, 57 (6,4%) para o vírus da encefalite de Saint Louis, 27 (3%) para o WNV, cinco (0,6%) para o vírus Cacipacoré e uma (0,1%) para o vírus Rocio usando PRNT90, com um critério de positividade a diferença de quatro vezes entre os títulos de anticorpos para todos os flavivírus testados. Não foram detectadas evidências sorológicas da circulação dos quatro vírus dengue, vírus da febre amarela, vírus Bussuquara ou vírus Iguape em equídeos na região. O presente estudo é o primeiro relato de evidência sorológica por PRNT90 da circulação de WNV no Brasil