Thesis
Atividade de amidinas aromáticas sobre Trypanosoma Cruzi: estudos in vitro e in vivo
Fecha
2011Registro en:
SILVA, C.F. Atividade de amidinas aromáticas sobre Trypanosoma cruzi: estudos in vitro e in vivo. 2011. 119f. Tese (Doutorado em Biologia Parasitária) - Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2011.
Autor
Silva, Cristiane França da
Institución
Resumen
O atual tratamento da doença de Chagas (DC) se baseia em dois compostos
nitroderivados, o Nifurtimox (Nf) e benznidazol (Bz), ambos introduzidos na clínica
médica há cerca de 40 anos e que têm sido considerados insatisfatórios
principalmente devido à baixa atividade, sobretudo na fase crônica, além de alta
toxicidade e/ou ocorrência de isolados do parasito resistentes a ambos
nitroderivados. Assim como um dos principais desafios ainda a serem enfrentados
há mais de cem anos depois da descoberta da DC diz respeito a identificação de
novas terapias alternativas para o tratamento desta negligenciada parasitose, esta
temática representou o principal objetivo da presente tese. Assim, estudos in vitro e
in vivo foram conduzidos visando avaliar a eficácia de amidinas aromáticas, incluindo
diamidinas e arilimidamidas (AIAs) sobre o T.cruzi, analisando ainda a localização e
distribuição dos compostos aromáticos assim como seus alvos celulares. Nossos
dados revelaram a ação tripanocida de diamidinas e AIAs sobre formas sanguíneas
e amastigotas do parasito, em faixa micro e nanomolar, respectivamente. Alguns dos
compostos estudados, em especial as AIAs DB745 e DB1831 exibiram excelente
efeito sobre formas sanguíneas na presença de sangue a 4oC, demonstrando seu
potencial uso também na profilaxia de bancos de sangue. De modo geral, as
amidinas testadas, incluindo as AIAs, apresentaram superior eficácia que as drogas
de referencia, incluindo o Bz e a violeta de genciana. AIAs como a DB745 foram
ativas sobre diferentes cepas do T.cruzi, incluindo YuYu e Colombiana, que
apresentam resistência natural a nitroderivados. Estudos ultra-estruturais e por
ensaios fluorescentes (microscopia e citometria de fluxo) revelaram que o núcleo e a
mitocôndria do parasito representam potenciais alvos dos compostos estudados. No
entanto, não foi observada correlação entre atividade e maior acúmulo destes
agentes na mitocôndria (kDNA) do T.cruzi. Os ensaios in vivo demonstraram que
estes compostos aromáticos são ativos sobre modelos experimentais de infecção
aguda pelo T.cruzi, reduzindo carga parasitária e a inflamação, oferecendo 100% de
proteção na mortalidade dos animais tratados. A AIA DB1965 revelou eficácia
semelhante ao Bz e a sua combinação com esta droga de referência resultou em
100% de sobrevida e níveis superiores a 99% de supressão de parasitemia, sem
alcançar cura parasitológica avaliada pelo hemocultivo e PCR. O excelente efeito de
amdinas, em especial de AIAs contra o T. cruzi, reforça o rastreamento por novos
análogos que possam ser usados sozinhos ou em combinações com outras drogas,
para o tratamento da doença de Chagas.