Dissertation
Caracterização molecular de sorotipos não-vacinais de Streptococcus pneumoniae isolados de pacientes com meningite em Salvador, antes e após a implementação da vacina conjugada PCV-10
Fecha
2013Registro en:
ANJOS, E. S. dos. Caracterização molecular de sorotipos não-vacinais de Streptococcus pneumoniae isolados de pacientes com meningite em Salvador, antes e após a implementação da vacina conjugada PCV-10. 2013. 96 f. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa) – Fundação Oswaldo Cruz, Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz, Salvador, 2013.
Autor
Anjos, Eder Silva dos
Institución
Resumen
O advento das vacinas pneumocócicas conjugadas veio contribuir de forma decisiva para a redução da incidência dos casos de doença invasiva por S. pneumoniae em vários países do mundo. Em contrapartida, tem-se verificado um aumento de casos decorrentes de sorotipos não vacinais, que escapam da vacina e reduzem o seu efeito a partir da expansão de clones pré-existentes com consequente substituição de sorotipos e/ou do fenômeno de troca capsular (capsular switching). No Brasil, a vacina conjugada 10-valente (PCV10) foi introduzida no calendário nacional de imunização a partir de 2010. Este estudo teve como objetivo caracterizar através de técnicas fenotípicas e moleculares os sorotipos não-vacinais (SNVT) de S.pneumoniae, isolados de pacientes com meningite nos períodos anterior (janeiro/2008 - junho/2010) e posterior (julho/2010 - dezembro/2012) à implementação da vacina pneumocócica conjugada 10-valente (PCV10), na cidade de Salvador, Bahia. Os isolados de S. pneumoniae foram identificados através de métodos microbiológicos clássicos e a determinação do tipo capsular foi realizada através da técnica de Multiplex-PCR e/ou reação de Quellung. A sensibilidade a oito antimicrobianos foi realizada através da técnica de microdiluição em caldo e a caracterização genotípica por intermédio das técnicas de PFGE e MLST. Foram identificados 170 casos de meningite pneumocócica durante a vigilância epidemiológica realizada no Hospital Couto Maia, em Salvador, com 148 apresentando cultura positiva para S. pneumoniae a partir do líquor e/ou hemocultura. A incidência da meningite pneumocócica reduziu de 0,9/100.000 habitantes (2008) para 0,36/100.000 habitantes (2012). No período pré-vacinal, os SNVT mais frequentes foram: 3 (n=6; 12%), 19A (n=4; 8%), 6A (n=4, 8%); no período pós-vacinal os SNVT 12F (n=6; 22,2%), 10A (n=3; 11,1%), 15B (n=2; 7,4%) e 18B (n=2; 7,4%) foram os mais frequentes. Cerca de 78% dos isolados apresentaram resistência a um ou mais antibióticos. A não susceptibilidade à penicilina foi encontrada nos sorotipos 19A (3 isolados), 9N (1 isolado) e 12F (1 isolado). Por PFGE, foi observada uma grande diversidade genética com a maioria (66,2%) dos isolados pertencendo a grupos não clonais. O grupo clonal X foi composto por dois isolados do sorotipo 19A (ST2878), do período pré-vacinal, não susceptível à penicilina. A técnica de MLST realizada em 26 isolados permitiu a identificação de quatro novos STs e apresença de STs (ST180, ST193 e ST218) genotipicamente semelhantes aos clones mundiais Netherlands3-31, Greece21-30 e Denmark12F-34. É necessária a continuidade da vigilância epidemiológica da meningite pneumocócica, visando avaliar os efeitos benéficos da vacinação e a dinâmica da distribuição de sorotipos em nossa região.