A política externa do governo Bolsonaro (2019-2022) e a mudança no perfil de engajamento na ONU

Abstract

A Organização das Nações Unidas, desde o seu surgimento em 1945, constituiu-se como objeto central de atuação das relações internacionais. É sob sua esfera que se definem normas, coalizões e pautas capazes de reger o sistema internacional. O Brasil, como um dos países fundadores da Organização, buscou sempre atuar de forma idônea e complacente com valores éticos, com o Direito Internacional e com a ideia de singularidade. Esse processo proporcionou a disseminação de uma imagem que se destaca pela seriedade, pelo sentido de responsabilidade e pela alta qualidade representativa de seus interesses, a qual atribui à ONU parte indissociável da sua personalidade internacional. No entanto, após a ascensão da extrema direita em 2018, o Brasil enfrentou uma série de acontecimentos em sua política externa que o distanciam desses princípios previamente estabelecidos. A desvalorização de atores internacionais relevantes e o desmonte de temas da agenda multilateral refletiram na degradação da sua imagem e das suas instituições de excelência. Dentre as questões que frequentemente estiveram no cerne dos debates, tanto nas Nações Unidas quanto no contexto diplomático brasileiro, os direitos humanos e meio ambiente configuram ótimos medidores para as ações políticas, evidenciando bem as prioridades desta fase. É sob a análise de todos estes elementos que o artigo se debruçará, questionando se e de que forma a política externa do governo Bolsonaro (2018-2022) configurou uma mudança no perfil de engajamento no âmbito da ONU.