Efeitos da prática de qigong sobre a saúde mental e cognição: uma revisão de literatura

Abstract

Atualmente, o aumento da população idosa envolve não só alterações demográficas, mas também desafios acerca da saúde física e mental destes indivíduos. De maneira geral, idosos experenciam uma perda progressiva do desempenho cognitivo atrelado ou não às doenças neurodegenerativas e que pode ser acompanhado por um aumento nos níveis de estresse, depressão, ansiedade. Assim, é inquestionável a busca por estratégias que minimizem estas alterações e melhorem a qualidade de vida desta população. Nesse sentido, as práticas da Medicina Tradicional Chinesa como o Qigong, uma prática de mente-corpo com baixa demanda energética e complexidade, possuem possíveis benefícios nos domínios cognitivos e de saúde mental da população idosa. O objetivo desta revisão é investigar na literatura os efeitos da prática de Qigong sobre a cognição e saúde mental. Para tanto, foi feita uma busca nas bases de dados Pubmed, Capes, Bvsalud e Embase pelos termos “Qigong”, “Cognition” e “Mental Health”. Os critérios de elegibilidade incluíam estudos clínicos e experimentais que possuíam algum tipo de Qigong como intervenção, tendo no mínimo duas sessões por semana durante quatro semanas e que avaliassem algum componente de saúde mental ou cognição. Após a busca, 119 estudos foram encontrados, e partir dos critérios de inclusão e exclusão, apenas 3 integraram esta revisão sistemática. Os resultados mostraram que a prática de Qigong melhorou os escores de componentes cognitivos e de qualidade de vida, além de reduzir os escores de depressão, ansiedade e estresse percebido. Portanto, apesar do número reduzido de estudos clínicos controlados sobre os efeitos da prática de Qigong sobre a saúde mental e física, há evidências que sugerem que esta prática tem efeitos benéficos sobre domínios cognitivos e de saúde mental destes indivíduos. Diante desta perspectiva é necessário o desenvolvimento de mais estudos que investiguem os possíveis mecanismos neurobiológicos responsáveis por estes efeitos positivos.

Nowadays, the increase in the elderly population involves not only demographic changes, but also challenges on the physical and mental health of these individuals. In general, elderly individuals can have progressive loss of executive functions, related or not to neurodegenerative diseases. In addition, these individuals can also have an increase in stress, depression, and anxiety levels. Alternative therapeutic strategies which minimizing these changes and improve the elderly’s quality of life are unquestionable. In the Chinese Traditional Medicine, there are different practices, the Qigong, is a mind-body practice with low energy demands and complexity, moreover, it may have benefits on the cognitive and mental health in the elderly population. The aim of this review was to investigate in literature the effects of Qigong practice on cognition and mental health. Thus, the Pubmed, Capes, Bvsalud and Embase databases were selected, the search query and terms used were “Qigong”, “Cognition” and “Mental Health”. The eligibility criteria included clinical and experimental studies that had any type of Qigong as an intervention, it should have the frequency of two times per week, during at least four weeks and it should have assessed any component of mental health or cognition. One hundred and nineteen (119) papers were found, after which they had been through the inclusion and exclusion criteria, only 3 studies were integrated in this systematic review. Results showed that the practice of Qigong improved scores of cognitive and quality of life components, as well as decreased the scores of the depression, anxiety and perceived stress. Thus, in conclusion the practice of Qigong induces beneficial effects on the cognitive and mental health domains. Further studies are needed to understand the neurobiological mechanisms involved in these beneficial effects.