Trabalho de conclusão de curso de graduação
Procedimentos audiológicos comportamentais e ocorrência de perdas auditivas em crianças com Síndrome de Down
Fecha
2021-10-15Registro en:
FUNAKI, Daisy Mithie. Procedimentos audiológicos comportamentais e ocorrência de perdas auditivas em crianças com Síndrome de Down. São Paulo, 2021. 57 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fonoaudiologia) – Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2021.
Autor
Funaki, Daisy Mithie [UNIFESP]
Institución
Resumen
Introdução: A Síndrome de Down é uma alteração genética causada por erro na divisão celular, resultando na trissomia do cromossomo 21. Constitui uma das causas mais frequentes de deficiência intelectual, tendo incidência de 1/700 dentre os nascidos vivos. A criança com SD possui maior risco de apresentar perda auditiva: 78% das crianças com Síndrome de Down apresentam perda auditiva ,em sua maioria perdas condutivas O diagnóstico das perdas auditivas é feito por meio da avaliação audiológica, que é composta por procedimentos comportamentais, eletroacústicos e eletrofisiológicos. A confirmação da deficiência auditiva depende do conjunto de procedimentos analisados (princípio cross-check), que permite classificar a alteração presente, possibilitando tratamento adequado. Na literatura os procedimentos indicados para avaliar crianças típicas variam em função da idade. No caso dos pacientes com SD, observa-se que os procedimentos de avaliação propostos para crianças típicas não são aplicáveis na mesma faixa etária, em função das alterações cognitivas e atrasos de desenvolvimento dessa população Objetivo: Identificar o procedimento técnico-científico mais eficaz na avaliação audiológica de crianças de 0 a 10 anos com diagnóstico de Síndrome de Down. Método: Trata-se de um estudo retrospectivo exploratório observacional. Foram analisados 92 prontuários de crianças com Síndrome de Down, atendidas no ambulatório de Audiologia Clínica do Hospital São Paulo, vinculado ao Departamento de Fonoaudiologia da Universidade Federal de São Paulo, que compareceram à Instituição para avaliação auditiva entre os anos de 2010 e 2020, por apresentarem queixa ou para monitoramento. As variáveis de inclusão foram: estar dentro da faixa etária de 0 a 10 anos, 11 meses e 30 dias; possuir diagnóstico médico de Síndrome de Down (CID-10 Q 90.0 – Síndrome de Down). As variáveis de exclusão foram: pacientes fora da faixa etária estabelecida. A amostra foi composta por 92 crianças com SD, na faixa etária de 0 a 10 anos, sendo 47 (51,1%) do sexo masculino e 45 (48,9%) do sexo feminino. Os grupos foram distribuídos por faixa etária, garantindo paridade de gênero dos indivíduos pesquisados dentro de cada grupo: - Grupo 1: 9 crianças menores de 6 meses, Grupo 2: 51 crianças com idade entre 6 meses e 2 anos; Grupo 3: 25 crianças entre 3 e 7 anos; Grupo 4: 7 crianças entre 7 e 10 anos. Para caracterização dos resultados os procedimentos selecionados na avaliação audiológica foram: Observação do Comportamento; Audiometria de Reforço Visual (ARV); Audiometria Lúdica Condicionada, Logoaudiometria, Medidas de Imitância Acústica. Resultados: Aos dados coletados, foi aplicado o teste estatístico qui-quadrado e sua distribuição correlacionada à curva de regressão linear. O R2 é aproximadamente 0,8, o que indica que, para amostra contemplada nesta pesquisa, o cálculo prediria uma exatidão de aproximadamente 80% na indicação do melhor procedimento. Os valores de 3,5 e 4,5 anos são os limiares superiores e inferiores da ARV, ou seja, para crianças com SD entre 3,5 e 4,5 anos o procedimento de escolha seria a ARV. Para crianças acima de 4,5 anos a Audiometria Lúdica Condicionada e abaixo de 3,5 anos a Observação do Comportamento. As medidas de imitância acústica foram realizadas com sucesso em 90% da amostra sendo a maioria das crianças (61 a 67%) com curva tipo B, indicativo de comprometimento condutivo. O volume da orelha externa variou de 0,2 a 0,9ml, mais reduzido em relação às crianças típicas. Houve atraso no reconhecimento de fala em 62,9% da amostra. O limiar de reconhecimento de fala foi possível de ser estabelecido em 56,3% da amostra. Conclusão: O presente estudo aponta para uma variação de aproximadamente 18 meses no procedimento adequado para realização da avaliação audiológica em crianças com SD, quando comparados aos procedimentos indicados para a avaliação audiológica de crianças típicas. A Audiometria com reforço Visual foi a mais eficiente para avaliar essa população. Houve elevada ocorrência de perda auditiva condutiva de grau leve.