Dissertação de mestrado profissional
Leitura da HQ Angola Janga no ensino de História : uma reflexão sobre o racismo e a escravidão
Fecha
2020-11-25Registro en:
BRAGA, Evandro José. Leitura da HQ Angola Janga no ensino de História – uma reflexão sobre o racismo e a escravidão. Evandro José Braga. – 2020. – 180f.
Autor
Braga, Evandro José [UNIFESP]
Institución
Resumen
Com o objetivo de construir possibilidades de uma práxis educativa transformadora, este
trabalho visa uma proposta de ensino de História através da narrativa gráfica Angola Janga
(2017) de Marcelo D’Salete. A pesquisa consiste em um estudo histórico crítico acerca do
sistema escravocrata responsável por estabelecer uma hegemonia racista no Brasil que inibiu a
construção de uma identidade orgânica dos negros e deslegitima a cultura afrodescendente,
como pode-se verificar em diferentes historiografias, nos currículos prescritos e na cultura da
mídia e, em especial, nas histórias em quadrinhos. Ao propormos uma possível leitura da obra,
refletimos sobre sua potencialidade para trabalhar o tema e promover uma discussão acerca do
racismo estrutural em sala de aula. A fim de reduzir o distanciamento entre o currículo prescrito
e o ativo, defendemos a importância do ensino de história contextualizado com a cultura escolar
que deve guiar a escolha de materiais e conteúdos que auxiliam e conduzem o trabalho docente
na formação do conhecimento histórico. Desse modo, apresentamos três propostas
pedagógicas coerentes com a utilização dos quadrinhos na educação que objetivam uma
transformação social: a de Dermeval Saviani, com a pedagogia histórico-crítica; a de István
Mészáros, que pensa uma educação para além do capital; e a de Allan da Rosa, que elabora a
Pedagoginga enquanto uma educação necessária para recuperar a ancestralidade do negro
apagada pela hegemonia. Por fim, expomos duas formas possíveis de como levá-las ao ensino
em concordância com as propostas pedagógicas analisadas no trabalho. Portanto, procuramos
dar condições para que professores possam se apropriar de uma historiografia crítica que
embasa a leitura de Angola Janga e, assim, possam promover um ensino coerente e de
desenvolvimento crítico de seus alunos, estabelecendo uma pedagogia do conflito em
contraposição à pedagogia do consenso presente nas prescrições curriculares que apenas
reconhece as culturas minoritárias, mas não objetiva trazer as mudanças que almejamos
alcançar.