O cotidiano lúdico de crianças e adolescentes frequentadores do Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil da Zona Noroeste de Santos, São Paulo

Abstract

O presente estudo é parte das estratégias do Programa de Educação Tutorial PET Saúde da Criança e visa aprofundar e entender o cotidiano lúdico das crianças e dos adolescentes que frequentam a ambiência/convivência do Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil da Zona Noroeste de Santos-SP. O Brincar é abordado como recurso de transformação, promoção de saúde e expressão no espaço do serviço potencializando habilidades cognitivas, emocionais e sociais que são inerentes ao desenvolvimento infantojuvenil e, para tanto, reconhecemos a necessidade de conhecer o cotidiano lúdico das crianças e adolescentes no território em que vivem. Trata-se de um estudo exploratório que utilizou como procedimentos entrevistas semiestruturadas, história oral e diários de campo, permitindo maior flexibilidade e riqueza de informações para a análise. Foram estruturados três eixos de análise e discussão dos dados coletados sendo eles: a Territorialidade, o Lúdico no Cotidiano e as Brincadeiras. Acerca da territorialidade, nota-se principalmente a baixa interação familiar no brincar, devido à realidade material dos participantes em que os responsáveis possuem pouco tempo livre para além do trabalho para a interação com os filhos. Além disso, as crianças relataram interagir com os espaços voltados para a promoção de lazer do território. Os adolescentes, por sua vez, demonstraram pouca interação com o território, relatando um cotidiano limitado às escolas e residências e pouca sociabilidade. O cotidiano lúdico, tanto das crianças quanto dos adolescentes, mostrou-se empobrecido no ambiente familiar e escolar, relatando pouca presença de momentos para brincar e baixa variedade de propostas, ressaltando o CAPSi como potência para a promoção do espaço lúdico. Ademais, as brincadeiras mais relatadas como favoritas pelas crianças foram as brincadeiras de exercício físico e simbolismo enquanto os jovens demonstram preferência pelas brincadeiras de regras e de construção. Os relatos presentes nos diários de campo das Ambiências e Convivências realizadas pelo grupo PET Saúde da Criança, por sua vez, foram incluídos como forma de enriquecimento de análise dos três eixos citados. Dessa forma, a partir da relevância do brincar no desenvolvimento, é necessário ampliar as possibilidades no cotidiano lúdico das crianças. Ainda, dada a importância do CAPSi na saúde mental infantojuvenil, utilizar a brincadeira como forma de integração tanto social quanto territorial é bastante benéfico para os envolvidos e com isso, o PET Saúde da Criança vem colaborando com o aumento dessas oportunidades. Entretanto, vê- se a demanda de incentivar e proporcionar mais momentos lúdicos, em espaços apropriados do território e incluindo familiares, responsáveis e a comunidade em geral, permitindo assim a desestigmatização da atenção psicossocial e o exercício da potencialidade do brincar.