Família Escrava no Brasil: Um debate historiográfico

Abstract

The nuclear family among African slaves and their descendants living in Brazil as a possibility, or even among those who were born here, still is a relatively unstudied topic in Brazilian historiography. The discrepancies between historians who explored the topic occurs primarily by denial of the existence of such family structure, based on different arguments. We observed some differences between these writings, especially when we considering the sources used by each author. The arguments used by the authors who found that not possible exist nuclear family formed by African slaves often served as an incentive for further studies on the captive family, in order to prove its existence and variety of forms. The most recent studies on this subject, especially with regional focus, bring collaborated to debate, seeking in different regions of Brazil and proves the existence of black slaves families. Researchers who used serial sources and methods of historical demography do arise in regions of Brazil and in certain periods, the certainty of captive family life, marriages between blacks enslaved formalized by the Catholic Church or by consensual unions. After reviewing the historiography, this research focused on investigations of traces of these families between slaves in the 18th and 19th in the speeches contained some of colonial texts and manuals of administration of land and slaves.

A possibilidade da existência de um núcleo familiar entre os escravos africanos e seus descendentes que viviam no Brasil, ou mesmo entre aqueles que aqui nasceram, é ainda um tema relativamente pouco estudado na historiografia brasileira. As divergências observadas entre historiadores que se dedicaram ao tema ocorrem principalmente pela negação da existência de tal estrutura familiar, baseando-se em diferentes argumentos. Observamos algumas divergências entre estes escritos, principalmente quando consideradas as fontes utilizadas por cada autor. Os argumentos utilizados pelos autores que não vislumbravam a possibilidade de haver núcleo familiar formado pelos escravos africanos serviram muitas vezes de incentivo para novos estudos sobre a família cativa, com o intuito de comprovar sua existência e formas. Os estudos mais recentes sobre o tema da família cativa, principalmente de foco regional, trazem uma colaboração para o debate ao buscarem em diferentes regiões do Brasil vestígios que comprovem a existência de núcleos familiares negros e cativos. Os pesquisadores que se utilizaram de fontes seriais e métodos de demografia histórica fazem surgir, em regiões do Brasil e em certos períodos, a certeza da existência familiar cativa, com casamentos entre negros escravizados formalizados pela Igreja católica ou por meio de uniões consensuais. Após analisar a historiografia, a pesquisa concentrou-se na investigação de vestígios desses núcleos familiares entre os séculos XVIII e XIX nos discursos contidos em alguns textos da crônica colonial e em manuais de administração de propriedades de terras e de escravos.