Tese
Perfil transcriptômico de lesões provenientes de pacientes com diferentes formas clínicas da Leishmaniose tegumentar
Fecha
2019-12-02Autor
Cristal, Juqueline Rocha Santos
Cristal, Juqueline Rocha Santos
Institución
Resumen
Introdução: A Leishmaniose Tegumentar (LT) está entre as seis doenças negligenciadas
prioritárias conforme a Organização Mundial de Saúde, acometendo cerca de 1 a 1,5 milhões
de casos de indivíduos em todo o mundo, principalmente aqueles residentes em áreas tropicais
e subtropicais do planeta. No Brasil, a LT apresenta ampla distribuição com registro de casos
em todas as regiões, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país. A LT na região
Sudeste da Bahia registra o maior número de casos, incluindo a região do Vale de Jiquiriçá.
Muitos estudos têm buscado esclarecer os mecanismos que controlam o desenvolvimento das
lesões e a resposta imune envolvida. Técnicas de alto rendimento têm revelado alvos
importantes para a progressão da doença, entretanto, os mecanismos imunológicos ainda não
foram totalmente elucidados. É importante identificar os principais fatores que impulsionam o
sucesso do estabelecimento da infecção por Leishmania influenciando diretamente no
desenvolvimento de diferentes formas clínicas. Dessa forma, durante a infecção, o hospedeiro
pode induzir vias de resposta imune que contribuem para a resolução ou favorecimento da
doença. Mais recentemente, o papel da via do Liver X Receptor (LXR) tem sido estudado em
diferentes doenças infecciosas, incluindo a Leishmaniose. Hipótese: Nossa hipótese é que
diferenças no perfil de expressão gênica em lesões de LT humana informam sobe os
mecanismos imunopatológicos da LT. Objetivo: O objetivo geral foi o de comparar o perfil de
expressão genica de moléculas envolvidas em vias metabólicas críticas entre as formas
cutânea localizada (LCL), disseminada (LD) e mucosa (LM). Materiais e métodos: Trata-se
de um estudo de corte transversal para caracterizar os aspectos imunopatológicos das lesões
de pacientes com LCL (n=15), LD (n=7) e LM (n=8) usando o nCounter (nanostring) e RNAseq,
abordagens modernas e de alto desempenho para caracterizar o transcriptoma das lesões.
Para validar a expressão do LXR nas lesões, foi feita uma análise por microscopia óptica das
amostras dos tecidos de LM, LD e mucosa sadia marcados por imuno-histoquimica (IHQ).
Resultados: Entre os genes avaliados, 25 estavam regulados positivamente em relação à
amostra de doadores normais tanto na LCL quanto na LM, como os do ICAM-1, Caspase 1,
CXCL-10 e Granzimas A e B. Entretanto, cerca de 100 genes foram identificados
isoladamente na LCL quando comparados com pele de doadores saudáveis ou na LM quando
comprados com mucosa nasal saudável. A análise das vias canônicas mostrou regulação
positiva da via do NF-kB. Por outro lado, há uma modulação negativa das vias relacionadas à
ativação do LXR/RXR. A análise por RNA-seq de amostras de 7 pacientes com LD e 4
doadores saudáveis mostrou 1.765 genes sobre expressos e 384 reprimidos na comparação
com doador normal. Na IHQ, as amostras de LCL e LM apresentaram redução ou ausência de
células positivas para LXR enquanto na LD houve marcação moderada de LXR. Conclusão:
Dessa forma podemos concluir que na LCL e na LM há ativação de varias vias próinflamatórias
enquando na LD há uma modulação negativa na resposta imune humoral e
celular, conforme verificado tanto a nível transcripcional quando de expressão da proteína
LXR. Por outro lado, genes capazes de modular negativamente a resposta imune e contribuir
para o processo de cicatrização, como o LTF e o EDNRB, estão regulados na LC e na LD,
sugerindo mecanismos comuns de controle da inflamação.