Artigo de Periódico
Análise crítica da interculturalidade na Política Nacional de Atenção às Populações Indígenas no Brasil
Fecha
2019-05-17Registro en:
Rev. Panam. Salud Publica, v. 42, p.1-5, 2018.
Autor
Pedrana, Leo
Trad, Leny Alves Bomfim
Pereira, Maria Luiza Garnelo
Institución
Resumen
A preocupação com um cuidado culturalmente apropriado e intercultural, baseado na articulação e complementariedade entre saberes em saúde, vem sendo uma prioridade para garantir a atenção primária à saúde (APS) dos povos indígenas desde a Conferência de Alma-Ata. No Brasil, país de significativa variedade sociocultural no contexto indígena sul-americano, existe há 16 anos uma Política Nacional de Atenção à Saúde das Populações Indígenas (PNASPI) focada no conceito de atenção diferenciada. Esse conceito, considerado como incompleto e contraditório, é variavelmente operacionalizado na APS de indígenas. Sendo assim, o presente artigo propõe uma análise da formulação e operacionalização desse conceito na
PNASPI. Essa análise torna evidente o caráter etnocêntrico da PNASPI, as numerosas contradições e negligências que não contemplam de fato o intercâmbio e articulação com o saber tradicional
e as visões êmicas indígenas de saúde e dos processos de padecimento/cura. A reversão
dessas limitações exigirá maior reflexividade, questionamento e vigilância epistemológicos tanto das ciências sociais e políticas quanto dos movimentos sociais e de controle social indígenas para redefinir em termos interculturais a APS de indígenas no Brasil.