Dissertação
ENTRE VISTAS: CORPO, DISCURSO E DANÇA
Fecha
2019-05-20Autor
ALVES, PATRICIA ZARSKE
ALVES, PATRICIA ZARSKE
Institución
Resumen
Esta pesquisa trata a coimplicação entre discurso e dança nos processos de criação
do artista. Para isso, propõe a elaboração de uma equação entre os termos corpo,
discurso e dança distante de uma lógica determinista. Discurso e dança aqui se
caracterizam como duas maneiras de produzir conhecimento que sempre
correspondem ao corpo, visto que são provenientes de sua condição de produzi-los.
O corpo opera em fluxo de mudanças, constitui-se de estados provisórios e nesse
caráter processual, discurso e dança vão coevoluindo como produções do corpo.
Produzir uma dança e produzir um discurso sobre essa dança são ações de um
mesmo corpo. A configuração da equação proposta nesta dissertação, apresenta uma
maneira de compreender que corpo, discurso e dança são três instâncias desse
mesmo processo. Embora tenham aspectos diferentes, se conjugam, pois no corpo,
são processos simultâneos. A hipótese levantada é que corpo, discurso e dança
operam em uma lógica de simultaneidade porque quando um está ocorrendo, o outro
também está, e de alguma maneira ambos estão sendo reformulados, ou seja, são
coafetados. Diferente de atestá-los a condição de unidade, a proposição é discutir as
especificidades de cada ação, a de dançar e a de escrever/falar sobre a dança. A
processualidade do corpo pressupõe como condição a não causalidade dessa
relação. Para compreender essa equação cujos termos não se separam, cada termo
foi apresentado como um ponto de vista do processo. Na perspectiva do corpo, a
articulação com Dawkins (1979), Prigogine (2009), Bittencourt (2012) e Britto (2008),
permitiu discutir a temporalidade do corpo, como possibilidade de entender sua
natureza processual e instável. Sob a perspectiva do discurso, Brandão (1998),
Maingueneau (2013) e Foucault (1999) possibilitaram a compreensão de discurso
como uma construção de sentidos relacionados diretamente às suas condições de
produção, seu caráter social e histórico. E na perspectiva do olhar para dança, as
ideias de Setenta (2008) e Tridapalli (2008) foram os referenciais escolhidos para
compartilhar a possibilidade de pensar a dança como um processo de constituição do
sujeito. Cada uma dessas perspectivas, se apresenta como um ponto de vista sobre
o processo de composição do artista da dança, nas relações estabelecidas com o que
está no entrelugar, entre dançar e discursar, o que se vê nas entre vistas.