bachelorThesis
Kreyol no Brasil: Língua de Herança ou Língua Materna? A Representação do Crioulo Haitiano por seus Falantes Imigrantes que Vivem no Brasil
Fecha
2022Autor
Pierre Louis, Becatrie Lorsa
Resumen
Desde o terremoto que ocorreu no Haiti em janeiro de 2010, o número de haitianos que
emigraram para o Brasil aumentou de maneira considerável. Segundo dados do Relatório
Anual do Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra, 2020), de 2011 a 2019,
foram registrados no país 1.085.673 imigrantes, considerando-se todos os amparos
legais. Dentre eles, 54.182 eram imigrantes haitianos, dos quais alguns construíram
famílias no Brasil e fizeram desta nação seu lar e/ou outros que ainda consideram voltar
para o Haiti futuramente. Diante disso, ao pensar que já se passou mais de uma década
desde o episódio mencionado e que, portanto, pode haver haitianos vivendo no Brasil a
mais de 10 anos, este estudo tem como objetivo verificar com os próprios imigrantes
haitianos que vivem no território brasileiro, percebem o uso, a manutenção e a promoção
da sua língua materna, o Kreyol, e, a partir dessa representação, refletir sobre uma
política de manutenção/incentivo do ensino e do uso do Kreyol como Língua Materna e/ou
de Herança. Para tanto, realizou-se uma pesquisa qualitativa e de natureza aplicada que
foi desenvolvida por meio de um estudo exploratório e descritivo, tendo em vista que foi
realizado um breve resgate histórico e político linguístico sobre o Haiti e a sua relação
com as suas Línguas Oficiais: o Francês e o Kreyol, a partir dos estudos de Nunes (2021),
Rodrigues (2008) e Pimentel, Cotinguiba e Ribeiro (2016), cujo levantamento bibliográfico
versou ainda sobre a Sociolinguística e as Políticas Linguísticas (CALVET, 2002 e 2007;
CEZÁRIO e VOTRE, 2009), e as suas concepções teóricas sobre línguas materna,
segunda língua, língua de herança, línguas minoritárias e majoritárias com Ramos (2020),
Ramos e Busse (2021), Boruchowski (s.n.), Pupp Spinassé (2006), entre outros, bem
como sobre o conceito de migração, emigração e imigração (IMDH, 2014). Como
instrumento de coleta de dados elaborou-se um questionário sociolinguístico que foi
aplicado através de um formulário on-line. Esse questionário que possui 31 questões,
divididas em três campos (A - dados pessoais e socioculturais; B - funções; C - atitudes),
cujas respostas abertas tiveram como base fatores extralinguísticos, foi respondido por
dez (10) participantes que apresentaram as suas percepções sobre o uso e a transmissão
do Kreyol entre os seus descendentes nascidos no Brasil.