Este artigo insere-se na discussão sobre o papel dos Burocratas de Nível de Rua (Street-Level Bureaucracy) na implementação de políticas públicas. O objeto de análise é a contribuição dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) na implementação da Estratégia Saúde da Família (ESF) nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de dois Aglomerados do município de Contagem, MG. Nestes dois casos, os cenários de inserção de um profissional estatal dentro das casas dos moradores são permeados por tensões diversas. Nesse sentido, o estudo busca analisar em que medida os ACSs contribuem para “quebrar as barreiras” e realizar um acompanhamento das famílias atendidas pela ESF, a fim de alcançar uma melhoria da saúde da população atendida. A pesquisa realizou entrevistas semiestruturadas com seis ACSs na UBS A e quatro na UBS B, no ano de 2016, e contemplou aspectos referentes ao ambiente interno das equipes, à relação com as famílias e à formação das agentes. As entrevistas apontaram para a escassez de formação prévia e continuada. Nesse cenário de adaptações necessárias e de modelagens inevitáveis, ampliam-se os níveis de discricionariedade e varia mais o tipo de serviços ofertados pelas agentes e o resultado final do cuidado das famílias atendidas pela política pública.