Tese
A construção social de mercados para os produtos da agroindústria familiar
Autor
Carvalheiro, Elizângela Mara
Resumen
As políticas de estímulo à modernização não atingiram de modo uniforme os pequenos produtores da agricultura familiar, e muitos passaram a valorizar a agroindustrialização como alternativa produtiva e fonte de renda familiar. Entretanto, o desafio é a comercialização desses produtos, pois a maioria é feita na informalidade (apesar de terem o registro sanitário, muitos ainda não possuem rótulos adequados) e a escala de produção é pequena, assim a saída é destinar os produtos para o mercado local, como feiras-livres, venda direta ao consumidor nas residências ou comercialização na propriedade rural. Neste sentido, o escopo deste trabalho é analisar a construção dos mercados para os produtos das agroindústrias familiares, caracterizando as relações sociais que as famílias mantêm com os diversos atores sociais nas ações de comercialização, utilizando-se da abordagem teórica da Sociologia Econômica, pois permite a compreensão de que os mercados são construções sociais, ou seja, são o resultado de formas específicas de interação social, da capacidade dos indivíduos, das instituições e das organizações locais promoverem ligações dinâmicas, capazes de valorizar seus conhecimentos, suas tradições e a confiança que conseguiram, historicamente, construir. A relação mercantil gera um laço social mesmo sem implicar relações pessoais íntimas, na medida em que esse laço não se esgota no único ato da troca, mas se enraíza e participa do processo de reprodução das instituições sociais. Os municípios de Assis Chateaubriand, Jesuítas, Maripá e Palotina, localizados na região oeste do Estado do Paraná, retrata bem esta realidade. Nestes se encontram a emergência de atores que buscam a cooperação (associações formais e informais) e a construção de uma rede de relações (sociais e econômicas) com engajamento das entidades públicas, e iniciativas privadas. Os centros de comercializações administrados pelas prefeituras e as próprias unidades familiares são espaços de socialização e articulação dessas redes. Além disso, os próprios produtores buscam e constroem os seus próprios canais de mercados, estabelecendo elos fortes entre os consumidores de seus produtos. O desafio para as agroindústrias é sua participação ativa na construção dos mercados. Policies to stimulate the modernization have not achieved the small family farm producers, and many of them have started to consider the agroindustrialization as a productive alternative as well as a source of family income. However, the challenge is the commercialization of these products, considering that most of these negotiations is done informally (besides the health record, many products are still not labeled approperly) the production scale is reduced, so the solution is to send the products to the local markets, free fairs, direct sales to consumers in their houses or to the rural property market. In this sense, the scope of this paper is to analyze the construction of the markets for the agroindustries families’ products, characterizing the social relations that keep families with the various social actors in the marketing actions, using the theoretical framework of Economic Sociology. It allows the understanding that markets are social constructions, which means that they are the result of specific forms of social interaction, the ability of individuals as well as of the institutions and local organizations to promote dynamic connections, capable to value their knowledges, traditions and confidence which were, historically, built. The commercial relationship creates a social bond even without involving intimate social relationships, as this bond is not limited to a single act of exchange, but it is rooted to participate in the process of social institutions reproductions. The counties of Assis Chateaubriand, Jesuítas, Maripá and Palotina, located in the west of Paraná State, portraits this reality very well. In them, are found the emergency actors in search of a cooperative (formal and informal associations) and the building of a social and economic network with the engagement of public entities and private initiatives. Commercialization centers administrated by city halls and even family units are areas of socialization and articulation of these networks. Besides that the producers seek and build their own market channels, establishing strong links between the consumers of their products. The challenge to agroindustries is its active participation in the construction of the markets.