Tesis
Contra-revolução permanente e manutenção da condição dependente no Brasil o caso da abolição da escravidão e da Redemocratização recente
Autor
Araújo, Gustavo Pinto de
Institución
Resumen
TCC (graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina. Centro Sócio-Econômico. Economia. A história das nações modernas ocidentais pode ser vista como a história do desenlace dos
momentos decisivos pelos quais passaram. Esses são momentos de inflexão em que a ordem é
posta em xeque e as tensões entre as classes, as contradições entre os interesses, a disputa pelo
poder e pela hegemonia ideológica chegam a níveis inauditos. Tal aguçamento de conflitos
cria um potencial transformador, uma necessidade de mudança na ordenação social, que pode
ser resolvido em ruptura ou em "mudancismo". Dentro desse quadro, podemos observar que a
história brasileira é constituída por uma sucessão de momentos decisivos. Neste trabalho
analisaremos dois deles: a Abolição da escravidão (1850-1888) e a Redemocratização recente
(1974-1989). Procederemos do mesmo modo para o exame de ambos: (i) descrição histórica
comentada do processo em questão; (ii) verificação de seu potencial transformador; (iii)
análise de seu desfecho. Nos desfechos da Abolição e da Redemocratização veremos como
ocorre na sociedade brasileira uma contra-revolução permanente. Isto é, lançando mão de
diversas estratégias, tem-se que os momentos de possível transformação da ordem são
absorvidos pela atuação dos grupos que possuem interesse em mantê-la. A ordem posta em
xeque nunca é radicalmente abalada. A conciliação ou a repressão são os artifícios utilizados
para manter tudo como está, mesmo tendo havido alguma mudança formal. Por fim, manter
tudo como está representa a manutenção da condição dependente. A dependência representa,
no plano externo, a fraqueza do país perante a divisão internacional do trabalho que se reforça
e se reproduz pelo imperialismo; internamente, a incapacidade de solucionar a dívida social e
moral com sua população, tendo como consequência uma sociedade que sobrevive com base
em grande submissão e desigualdade.