Artigo de Periódico
Structuring a fecal microbiota transplantation center in a university hospital in Brazil
Fecha
2020Registro en:
1678-4219
Autor
Daniel Antônio de Albuquerque Terra
Eduardo Garcia Vilela
Rodrigo Otávio Silveira Silva
Laiane Alves Leão
Karine Sampaio Lima
Raissa Iglesias Fernandes Ângelo Passos
Amanda Nadia Diniz
Luiz Gonzaga Vaz Coelho
Institución
Resumen
Contexto: O Transplante de microbiota fecal (TMF) é uma importante opção terapêutica para a infecção recorrente ou refratária pelo
Clostridioides difficile, sendo método seguro e eficaz. Resultados iniciais sugerem que o TMF também desempenha papel relevante em outras afecções cuja patogênese envolve a alteração da microbiota intestinal. No entanto, seu uso sistematizado é pouco difundido, especialmente no Brasil. Na última década, surgiram múltiplos relatos e séries de casos utilizando diferentes protocolos para o TMF, sem padronização de métodos e com taxas de resposta variáveis. No Brasil, poucos casos isolados de TMF foram relatados sem a implantação de um Centro de Transplante de Microbiota Fecal (CTMF). Objetivo: O principal objetivo deste estudo foi descrever o processo de implantação de um CTMF com banco de fezes, em hospital universitário brasileiro, para tratamento de infecção recorrente e refratária pelo C. difficile. Métodos: O CTMF foi estruturado dentro dos critérios exigidos e aprovados por organismos internacionais como o Food and Drug Administration, Grupo Europeu de Transplante de Microbiota Fecal e em consonância com os aspectos epidemiológicos e regulatórios nacionais. Resultados: Foi estabelecida toda uma plataforma envolvida na estruturação de um centro de transplante com fezes congeladas. Determinou-se os critérios para seleção de doadores, processamento e armazenamento de amostras, manejo dos receptores antes e após o procedimento, uniformização de vias de administração do substrato fecal e seguimento a curto e longo prazo dos pacientes transplantados. A seleção dos doadores foi conduzida em três etapas: pré-triagem, avaliação clínica e exames laboratoriais. Boa parte dos candidatos foram excluídos na primeira (75,4%) e segunda etapa (72,7%). Os principais critérios clínicos de exclusão foram: diarreia aguda recente, excesso de peso (IMC ≥25 kg/m2) e distúrbios gastrointestinais crônicos. Quatro dos 134 candidatos foram selecionados após a triagem completa, com taxa de detecção de doadores de 3%. Conclusão: A implantação de um CTMF, inédito no nosso meio, possibilita o acesso de pacientes com infecção recorrente e refratária pelo C. difficile a tratamento inovador, seguro, com elevada taxa de sucesso e pouco disponível no Brasil. A seleção apropriada de doadores qualificados é vital no processo de implantação de um CTMF. A avaliação clínica rigorosa dos doadores permitiu o uso racional de recursos para realização de exames laboratoriais. Um CTMF possibilita tratamento sob demanda, em maior escala, menos personalizados, com mais segurança e rastreabilidade. Este protocolo fornece subsídios para a realização de TMF em países emergentes.