Tesis
Francisco Ferrer y Guardia, um mito em disputa nas páginas anticlericais d'A Lanterna (São Paulo, 1909-1916)
Fecha
2022-08-12Registro en:
33004072013P0
Autor
Guimarães, Valéria dos Santos [UNESP]
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Institución
Resumen
A presente pesquisa tem por objetivo melhor compreender a trajetória brasileira da repercussão midiática do fuzilamento do professor racionalista Francisco Ferrer y Guardia, criador da Escola Moderna de Barcelona, pelo Estado espanhol em 13 de outubro de 1909. Objetiva-se, por meio da análise da segunda fase do periódico anticlerical A Lanterna, refletir e lançar hipóteses sobre a produção, circulação, bem como recepção, aclimatação e consequente apropriação dos ideais e, principalmente, da própria figura de Ferrer no jornal. Ancorada em uma abordagem teórica ligada à História da Leitura da Imprensa Periódica, fez-se o levantamento e análise de textos jornalísticos e imagens que tratavam do tema Ferrer veiculados tanto em A Lanterna, como em demais publicações periódicas brasileiras do período. Por meio do estudo das fontes percebeu-se uma recepção singular de Ferrer no Brasil no jornal anticlerical, que passou não apenas a construir determinadas representações a partir da figura do educador, como também a disputá-las tanto interna, como externamente – mormente com órgãos das imprensas clerical, católica e conservadora. A principal hipótese desta dissertação é a de que a partir da disputa de representações travada em A Lanterna em torno da figura de Ferrer, o jornal alça o educador à estatura de um mito político, conforme as teorizações de Roger Chartier e Raoul Girardet, respectivamente. Objetivando entender como se deu a construção deste mito e em prol de quais pautas ele fora utilizado no jornal, concluiu-se que o mito Ferrer foi fundamental na expansão do discurso anticlerical do periódico, servindo especialmente à luta em prol de um projeto anticlerical e libertário de sociedade que deixou frutos concretos, como as Escolas Modernas N.1 e N.2 de São Paulo, aos moldes da iniciativa de Ferrer em Barcelona. The present research aims to better understand the Brazilian trajectory of the media repercussion of the shooting of the rationalist professor Francisco Ferrer y Guardia, founder of the Modern School of Barcelona, by the Spanish State on October 13, 1909. Through the analysis of the second phase of the anticlerical periodical A Lanterna, this work aims to reflect and launch hypotheses about the production, circulation, as well as reception, acclimatization and consequent appropriation of ideals and, mainly, of Ferrer's own figure in this paper. Anchored in a theoretical approach linked to the History of Reading of the Periodical Press,were carried out a survey and analysis of journalistic texts and images that dealt with the Ferrer theme published both in the anticlerical paper and in other Brazilian periodicals of the period. Through the study of the sources, a singular reception of Ferrer in Brazil in A Lanterna was noticed. The anticlerical paper started not only to build certain representations from the figure of the educator, but also to dispute them both internally and externally – especially with organs of the clerical, catholic and conservative press. The main hypothesis of this dissertation is that from the dispute of representations fought in A Lanterna around the figure of Ferrer, the newspaper raises the educator to the stature of a political myth, according to the theorizations of Roger Chartier and Raoul Girardet, respectively. Aiming to understand how the construction of this myth took place and in favor of which guidelines it was used in the newspaper, it was concluded that the myth Ferrer was fundamental in the expansion of the anticlerical discourse of A Lanterna, especially serving the struggle for an anticlerical and libertarian project of society that left concrete fruits, such as the Modern Schools N.1 and N.2 in São Paulo, along the lines of Ferrer's initiative in Barcelona. La presente investigación tiene como objetivo comprender mejor la trayectoria brasileña de la repercusión mediática del fusilamiento del profesor racionalista Francisco Ferrer y Guardia, creador de la Escuela Moderna de Barcelona, por parte del Estado español el 13 de octubre de 1909. A través del análisis de la segunda fase del periódico anticlerical A Lanterna, se trató de reflexionar y lanzar hipótesis sobre la producción, circulación, así como recepción, aclimatación y consecuente apropiación de los ideales y, principalmente, de la propia figura de Ferrer en el periódico. Anclado en un abordaje teórico vinculado a la Historia de la Lectura de la Prensa Periódica, se realizó el levantamiento y análisis de textos periodísticos e imágenes que trataron el tema Ferrer publicados tanto en A Lanterna como en otros periódicos brasileños de la época. A través del estudio de las fuentes, se percibió una singular recepción de Ferrer en Brasil en A Lanterna, que pasó no sólo a construir ciertas representaciones a partir de la figura del educador, sino también a disputarlas tanto interna como externamente – especialmente con órganos de las prensas clerical, católica y conservadora. La hipótesis principal de esta tesis es que a partir de la disputa de representaciones librada en A Lanterna en torno a la figura de Ferrer, el semanario eleva al educador a la talla de mito político, según las teorizaciones de Roger Chartier y Raoul Girardet, respectivamente. Con el objetivo de comprender cómo se llevó a cabo la construcción de este mito y en favor de quaes pautas se lo utilizó el periódico, se concluyó que el mito Ferrer fue fundamental en la expansión del discurso anticlerical de A Lanterna, especialmente al servicio de la lucha por un proyecto anticlerical y libertario de sociedad que dejó frutos concretos, como las Escuelas Modernas N.1 y N.2 de São Paulo, en la línea de la iniciativa de Ferrer en Barcelona.