Este texto tem como objetivo discutir a relação entre infâncias, tecnologia e atividades não presenciais, no contexto da pandemia da Covid-19. Como proposta metodológica, a análise versa sobre o texto do Parecer N°5/2020, deliberado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), que trata da reorganização do calendário escolar e da possibilidade de cômputo de atividades não presenciais para fins de cumprimento da carga horária mínima anual, no âmbito da Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica. Considerando o contexto de isolamento social, o debate proposto apresenta questões e tensões relacionadas ao trabalho pedagógica direcionado às crianças. Partindo do pressuposto de que os textos são produtos de um contexto político e social, que materializam concepções e tendências, o estudo dialoga com as contribuições da obra de Mikhail Bakhtin (1988), autor que trata o discurso como prática social, arena de disputas ideológicas e políticas. As análises destacam: a diversidade das experiências infantis na pandemia; os impactos da crise na vida das crianças; o lugar das famílias na construção das propostas; a crítica às noções de aceleração e progresso nas atividades pedagógicas; os artefatos tecnológicos como possibilidade para a construção de uma continuidade para o trabalho educativo; dentre outras questões. Essas análises sobre a educação infantil em tempos de pandemia podem trazer reflexões sobre desafios históricos do atendimento às crianças pequenas.