Dissertação de mestrado
Estudos físicoquímicos, hematológicos e histológicos na administração oral de nano e micro partículas de polieletrólitos carreadoras de ivermectina
Autor
Martinez, Rafael Ricardo Madrid [UNIFESP]
Institución
Resumen
Nas últimas décadas os carreadores de fármacos têm tido crescente interesse
científico e tecnológico como sistemas que favorecem tratamentos de doenças e
viabilizam o uso de bioativos em novas aplicações. Os carreadores podem
proporcionar o transporte dos fármacos aos alvos específicos de tratamento,
garantindo simultaneamente a estabilidade dos fármacos frente às condições
bioquímicas adversas no curso da administração, concomitante com uma resultante
ação farmacológica adequada pela liberação no local esperado. Neste estudo, nano e
micro partículas foram produzidas com os biopolímeros quitosana-N-arginina e alginato
como um biomaterial coloidal para aplicação como carreador do fármaco ivermectina.
O carreador foi produzido por titulação pelo processo de coacervação complexa, sendo
que ambas as macromoléculas são polieletrólitos fracos e a interação de cargas entre
os grupos amina e carboxila que são dependentes do pH, proporcionam características
estruturais, bem como a interação com o meio biológico. Os tamanhos coloidais e a
distribuição de cargas de superfície foram estudados por espalhamento de luz dinâmico
e potencial zeta. A interação termodinâmica com um modelo de membrana biológica
constituída de lipídeo carregado de bicamada de lipossoma foi avaliada por calorimetria
de titulação isotérmica. A forma em pó do carreador de fármaco foi obtida por
liofilização com alto percentual de encapsulamento de ivermectina. Estudos in vivo
foram conduzidos com administração pela via oral em peixes ornamentais Corydoras
schwartzi em experimentos sistemáticos que consistiram na avaliação histológica
intestinal e hematológica para identificar possíveis efeitos adversos da administração
de altas doses de ivermectina nas concentrações de 0,22, 0,86 e 170 mg/kg de peso
corporal do modelo animal. De forma geral, as altas doses não foram prejudiciais aos
tecidos intestinais e tampouco afetaram significativamente os parâmetros de células
sanguíneas. Apenas a overdose de 170 mg/kg resultou em aumento na expressão de
miosina-Vb nas regiões apicais dos enterócitos, demonstrado pela imunofluorescência,
e que pode ter implicações na integridade epidérmica intestinal. Os estudos
físicoquímicos e in vivo demonstraram o potencial das nano e micro partículas de
polieletrólitos como um biomaterial carreador de fármaco para aplicação oral.