O perigo na convivência: uma revisão narrativa sobre o medo nas cidades e as subjetividades contemporâneas

Abstract

Esta pesquisa se propôs a refletir sobre a convivência urbana, tomando como vetor analítico o medo e a insegurança nas cidades. Popularmente, o perigo diante do outro é reconhecido como um problema de violência urbana e de segurança pública, entretanto, foi observado que a configuração do medo urbano é composta por fenômenos historicamente produzidos. Buscou-se investigar as construções históricas que configuram o medo urbano como um fenômeno contemporâneo e mais especificamente, percorrer os desdobramentos da produção subjetiva ao definir o outro como fonte de perigo. A pesquisa foi realizada de forma qualitativa baseada na revisão de literatura narrativa, sendo estudadas e relacionadas obras de diferentes autores de áreas distintas, como antropologia, geografia e psicologia. Perpassando diferentes temas, o enfoque da pesquisa baseou-se na temática da convivência nas cidades e das subjetividades contemporâneas; em A convivência urbanizada, propôs-se uma discussão acerca do processo de urbanização e suas implicações no mundo contemporâneo; no capítulo O outro perigoso, mostrou-se que o medo urbano é historicamente produzido a partir de processos alienantes e estigmatizantes, também responsáveis pela manutenção das desigualdades socioculturais; em O direito cidadão de conviver, buscou-se refletir sobre um novo modo de viver urbano, em que o comum é construído a partir dos processos que envolvem a cidadania dos sujeitos. Concluímos que o perigo pressuposto na cidade é um dos desdobramentos da comercialização regulamentadora do espaço urbano que, cotidianamente, sustenta a hierarquização das subjetividades e as desigualdades socioculturais e que configura tema de relevância para estudos posteriores.