Dissertação
Modelo eco-sociossanitário da ocorrência de dengue: um esforço de construção a partir da cidade de Riacho de Santana-Ba
Fecha
2016-06-20Autor
Araújo, Luísa Magalhães
Araújo, Luísa Magalhães
Institución
Resumen
Diante da emergência da garantia ao direito à saúde no Brasil, a epidemiologia tem
ganhado espaço e visibilidade devido à sua contribuição para elucidar os
mecanismos associados aos fatores intervenientes na ocorrência de enfermidades.
A dengue por ser uma enfermidade recorrente com manifestações em formas graves
e letais, tem se destacado entre as demais como alvo de preocupação no panorama
de saúde pública brasileiro. Desse modo, a pesquisa buscou estudar os fatores
associados à ocorrência da dengue, propondo um modelo eco-sociossanitário, a
partir da cidade de Riacho de Santana-BA, com vistas a delimitar um modelo
explicativo da enfermidade. A pesquisa de delineamento ecológico fez uso de dados
secundários referentes às notificações de dengue, índices de infestação larvária por
Aedes aegypti, condições socioeconômicas, sanitárias e climáticas da área de
estudo, tratados com ferramentas estatísticas e análise espaço-temporal. Os
resultados indicaram que o perfil sociodemográfico das pessoas acometidas por
dengue em Riacho de Santana é similar ao da população: sexo feminino, faixa etária
de 20-49 anos, correspondendo a faixa economicamente ativa, a cor da pele branca
e parda e pessoas com ensino médio completo e cursando entre a 1ª e 4ª série.
Assim, como a infestação larvária do Aedes aegypti, a dengue acompanhou a
sazonalidade da umidade e precipitação, sendo que os valores mais elevados foram
registrados no período chuvoso. A partir da análise espacial pôde-se observar que
houve uma tendência de manutenção das notificações nas proximidades do bairro
Peral, o qual compartilha de setores censitários com população de renda média
baixa, infestação predial média no período chuvoso, taxa de ocupação domiciliar e
densidade demográfica elevadas. Os indicadores de saneamento básico não
apresentaram variações significativas entre os setores censitários, como resultado
não se obteve correlação linear estatisticamente significante entre estes indicadores
e a infestação larvária do vetor, como era esperado. Assim, os resultados obtidos
nas análises quantitativa e qualitativa sugerem que os criadouros existentes sejam
“cultivados” nos domínios público e privado. Nota-se que a incidência de dengue em
Riacho de Santana, como em outros municípios brasileiros e no bairro Peral é
resultado de um processo de determinação social. O modelo eco-sociossanitário
proposto, pautado na promoção da saúde, ressalta a necessidade de interação dos
atores sociais e Estado na formulação de políticas públicas que atendam as
demandas territoriais e possam intervir sobre os determinantes de ordem social,
ambiental e cultural existentes na reprodução de dengue