Dissertação
Saberes e fazeres na capoeira Angola: a autonomia no jogo de muleekes
Fecha
2012Autor
Machado, Sara Abreu da Mata
Machado, Sara Abreu da Mata
Institución
Resumen
O presente trabalho tem como tema central a práxis pedagógica da Capoeira Angola, uma das
mais importantes expressões culturais de raízes africanas no Brasil. O objetivo é compreender
em que aspectos e de que maneira essa práxis pode contribuir para uma educação integral do
ser-humano, voltada para a sua autonomia e libertação, especificamente com crianças e
adolescentes. A Capoeira Angola é aqui tomada como uma forma de ver o mundo pelo
encantamento, orientando o caminho epistemológico e teórico-metodológico da pesquisa, de
cunho etnográfico e participantes, sendo a autora também capoeirista, que fala desde dentro.
O campo de estudos (“parceiro” deste “jogo) é o projeto Ginga Muleeke, realizado pelo
Grupo Nzinga de Capoeira Angola com as crianças e jovens da comunidade Alto da Sereia,
em Salvador/BA. A discussão teórica ancora-se em estudos sobre a cosmovisão afrobrasileira,
sobre a Pedagogia da Libertação, Capoeira e Educação, bem como nas ideias de
Mestre Pastinha como educador, destacando as concepções de: corpo, comunidade, oralidade,
ancestralidade, ritualidade, Força Vital, dentre outras. As singularidades da Capoeira Angola
são consideradas dentro da proposta da escola de Mestre Pastinha, como uma práxis educativa
de matriz africana, que apresenta contrapontos e outros saberes e fazeres em relação à
racionalidade ocidental dominante. Este trabalho aponta caminhos possíveis, desafiantes e
sinuosos onde a Capoeira Angola pode ser pensada como uma práxis educativa fundamentada
na participação de crianças e adolescentes em um grupo/comunidade, assentado em princípios
da cosmovisão afro-brasileira. Destaca-se, por fim, o potencial desta arte para realizar uma
educação libertadora e transformadora, que valorize nossas raízes africanas, na luta contra o
racismo e pela diversidade.