Tese
As Ongs e os desafios a seus processos identitários: pressões externas e a inserção na educação comunitária das comunidades periféricas de Salvador
Fecha
2006Autor
Boscolo, Gianni
Boscolo, Gianni
Institución
Resumen
O que se pretende com esta pesquisa é entender como se formaram dentro do Estado social moderno, as ONGs, como reagem hoje na ocupação dos espaços que já foram do Estado e dos partidos políticos, e como operam diante das pressões externas provindas de um pensamento sempre mais neoliberal e de pressões internas, vindas dos seus associados, dos doadores externos e das próprias comunidades onde estão inseridas. Até que ponto diante das pressões externas e internas as ONGs se preocupam com seus objetivos e sua identidade e como mudam redirecionando seus objetivos e suas práticas na busca da sobrevivência e do comprimento de sua missão. Como de fato uma ONG italiana, Associação Beneficente Ágata Esmeralda – Projeto Ágata Esmeralda, que se qualifica como uma Entidade que promove a defesa e a promoção das crianças e dos adolescentes, consegue manter seus objetivos e finalidades de acordo com os parceiros internacionais e as comunidades locais, buscando manter sua identidade e sua inserção na Educação Popular e Comunitária na periferia da cidade de Salvador. A pesquisa confirma a dificuldade de um organismo internacional - ONG, que opera no Brasil, entender a realidade local e se engajar numa reflexão e numa prática que desvende as causas da miséria e da injustiça para a construção de uma nova sociedade. A pesquisa mostra como os discursos sobre a pobreza e a exclusão social, propostos pela matriz da ONG no exterior e divulgados na mídia internacional, são utilizados como meios para arrecadar recursos e possibilitar, no país sede, a manutenção de objetivos e finalidades de acordo com uma visão de mundo religiosa e integralista. No Brasil, apesar do esforço das lideranças e dos técnicos locais em propor uma nova mentalidade de ajuda que priorize uma educação de qualidade, os recursos arrecadados no exterior e repassados com a justificativa da superação da pobreza e da transformação social, servem mais para continuar uma secular prática paternalista de cunho religioso, que para ajudar a construção de uma mentalidade de autonomia e de autosustentabilidade.