masterThesis
As artes de fazer da avaliação fabricadas no cotidiano escolar: um olhar para as táticas avaliativas dos professores dos anos iniciais do ensino fundamental
Autor
MAGALHÃES, Priscila Maria Vieira dos Santos
Institución
Resumen
Em busca de compreender o movimento das mil maneiras do cotidiano escolar se revelar, esta pesquisa versou sobre as práticas “comuns” vivenciadas nesse espaço. De modo específico, direcionamos nossa investigação para as táticas avaliativas tecidas cotidianamente pelos “sujeitos ordinários” da escola, em busca de investigar nas práticas avaliativas o movimento entre os discursos das avaliações pensadas no contexto do texto e as táticas fabricadas pelos professores no cotidiano da sala de aula dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Para tanto, tivemos como objetivos específicos: analisar sentidos de avaliação inscritos nas produções acadêmicas; identificar a produção discursiva da avaliação da aprendizagem pensada enquanto texto político; e evidenciar o processo de fabricação das táticas avaliativas tecidas pelos professores no cotidiano escolar. Assim, partimos de autores como Méndez (2002), Marinho, Leite, Fernandes (2013) que versam sobre as concepções e práticas de avaliação da aprendizagem; dialogando com Certeau (2014) na direção dos consumos, táticas e artes de fazer silenciosamente e sutilmente fabricadas nos cotidianos; e Ball (1992) para tratar dos contextos macro e micropolíticos, nos quais as políticas-práticas avaliativas são pensadas-vividas. Consideramos ainda, no debate teórico, as publicações científicas da ANPED, do BDTD da UFPE, do ENDIPE e da Revista Estudos em Avaliação Educacional, as quais constituíram-se como dispositivo teórico-analítico dos sentidos de avaliação historicamente produzidos no campo dos estudos em Educação. Nosso percurso metodológico corresponde a um movimento discursivo que, sob a luz teórico-metodológica da Análise do Discurso (ORLANDI, 2010), possibilitou-nos evidenciar a rede discursiva emergida dos processos de significação e os discursos outros que também concorrem na disputa por fixação de sentidos permeada nas lutas pelo controle da enunciação em torno da avaliação. Dessa forma, tivemos como procedimentos de coleta de dados a pesquisa documental dos estudos produzidos em lócus científicos e as observações sistemáticas das aulas das professoras. Como resultados de pesquisa, vislumbramos que entre os documentos oficiais de avaliação e as táticas avaliativas das professoras, existe um entremeio no qual se localizam agentes de influências, que na posição discursiva (secretários municipais de educação, gestores e coordenadores) que ocupam, apresentam-se como “tradutores” das políticas. Não as rejeitando ou modificando diretamente, as professoras driblavam essas traduções através de artimanhas de estranhamento, questionamento e burla. Nesse movimento de distanciamento e escape às regras do jogo de poder, as docentes iam (re)inventando a avaliação, o currículo e os cotidianos a elas dados, revelando que a despeito das macro e micropolíticas de avaliação, da política de formação continuada do município, das regulações dos gestores e coordenadores escolares e dos seus próprios saberes e experiências profissionais, o poder-saber-fazer avaliativo delas era ainda influenciado por uma cotidianidade programada/aflorada na vitalidade e fluidez da escola. Jogando com os movimentos de influências e com a vida cotidiana, as táticas avaliativas revelaram-se em astúcias sutis, que não se conformando com prescrições e cotidianos cristalizados, escapavam e resistiam ao controle e regulação a elas imbuídos, sinalizando, assim, que o movimento tecido entre as políticas e as táticas avaliativas é interpelado por interesses, saberes, traduções e leituras fugazes dos produtos instituídos. In the search for comprehending the range of possibilities that everyday school can show itself, this research explored “common” practices experienced in this context. In a specific way, we directed our study to the evaluative tactics used by the school “ordinary subjects”, aiming to inquire in those evaluative practices the movement between the evaluation discourse reasoned in the text context and the tactics created by the teachers in everyday school classes in the first years of Elementary School. In order to do so, our specific objectives were to analyze the evaluative senses written in academic productions; to identify the evaluative discursive production of learning as a political text; and to evidence the evaluative tactics creation process brought up by teachers in everyday school. Thus, we started from studies by Méndez (2002), Marinho, Leite, Fernandes (2013) that analyze the conceptions and practices of learning evaluation; converging with Certeau (2014) to study the consumption, tactics and art of doing silently and subtly created in everyday; and Ball (1992) to inquire the macro/micro political contexts in which the evaluative political-practices are thought-experienced. We also considered, in the theoretical debate, scientific productions from ANPED, from Federal University of Pernambuco BDTD; ENDIPE; and Estudos em Avaliação Educação Magazine, which were constructed as analytical-theoretical apparatus of the evaluation senses historically produced in the education study. Our methodological route corresponds to a discursive movement that, subsidized by Discourse Analysis (ORLANDI, 2010), enabled us to evidence the discursive net emerged from the signification processes and the other discourses that also compete for sense fixation permeated in fights for enunciation control around evaluation. In this way, we had as data collecting procedures the documental research of studies produced in scientific locus and the systematic observations of the teachers classes. As result, we glimpsed that among the official evaluation documents and the teachers’ evaluative practice there is a between which carries influential agents, which show themselves as the political “translators” due to the discursive position they take (education city counselors, managers, coordinators). Not rejecting or modifying them directly, the teachers escaped from theses translations through estrangement tricks, questioning and cantrip. In this distancing and escaping from the rules of the power game, the teachers used to (re)invent evaluation, the curriculum and the everyday they were given, relieving that despite of the macro-micro evaluation politics; the city continuing education politics; the school managers and coordinators’ regulations; and their own knowledge and professional experience; their evaluative knowhow capacity was still influenced by an everyday that is programed/outcropped in the vitality and fluidity of school. Playing with the influence movement and with the everyday life, the evaluative tactics showed through subtle cunning that escaped and resisted the control and regulation imposed to them. Pointing, thus, that the movement created between political and the evaluative practices is interpellated by interests, knowledge, translations and fleeting readings of the instituted products.