masterThesis
O sujeito que usa droga e a judicialização do “tratamento” em Caps AD
Registro en:
NASCIMENTO, Thays Maria do. O sujeito que usa droga e a judicialização do “tratamento” em Caps AD. 2020. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2020.
Autor
NASCIMENTO, Thays Maria do
Institución
Resumen
O uso de drogas é prática que atravessa as mais diversas sociedades assumindo status distinto entre elas. No Brasil, visões conservadoras e autoritárias criminalizam o uso de drogas e marginalizam o sujeito que usa. Esta pesquisa teve como objetivo compreender como sujeitos que usam drogas se relacionam com o seu uso e o processo terapêutico em Centros de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (Caps AD). Foi realizado levantamento bibliográfico sobre uso de droga e processo terapêutico na Atenção Psicossocial que culminou em dois artigos científicos que correspondem ao Estado da Arte do tema. Participaram da pesquisa empírica, mediante entrevistas semiestruturadas, cinco sujeitos que usam drogas e fazem acompanhamento em Caps AD na rede municipal de saúde da cidade do Recife/PE. Os resultados são apresentados mediante biografias, escolha metodológica que se contrapõe à visão dos sujeitos enquanto números, perfis e padrões de uso de drogas. Preceitos da Reforma Psiquiátrica e postura ético-política da Redução de Danos nortearam a discussão deste trabalho em diálogo com a Análise Institucional do Discurso que deu forma à análise do material. Identificamos um discurso de marginalização que atravessa vários âmbitos da vida dos sujeitos que usam drogas impedindo-os de ocuparem lugares institucionais que não o de “viciadão/noiadão”. O processo terapêutico, objeto inicial dessa pesquisa, não foi identificado no discurso dos sujeitos entrevistados, sendo constatado a procura e permanência em Caps AD por imposição da Justiça. Concluímos que o lugar institucional ocupado pelos sujeitos que usam drogas, sustentado pela sociedade em que estão inseridos, ocasiona sofrimentos sociais invisibilizados diante de um contexto conservador e antidrogas. A postura policialesca e autoritária do atual governo negligencia a possibilidade de usos não problemáticos de drogas e impõe “tratamentos” ou encarceramento de pessoas já vulneráveis, haja vista o direcionamento e a seletividade das ações policiais diante do uso de drogas. CAPES The act of using drugs is a practice that crosses the most diverse societies assuming a distinct status among them. In Brazil, conservative and authoritarian views criminalize drug use and marginalize the subject who uses it. This research aimed to understand how subjects who use drugs relate to their use and the therapeutic process in Psychosocial Care Centers Alcohol and other Drugs (Caps AD). A bibliographic survey on drug use and therapeutic process in Psychosocial Care was conducted, culminating in two scientific articles that correspond to the state of the art of the theme. Five subjects who use drugs and are on clinical follow up in Caps AD in the municipal health network of the city of Recife / PE participated in the empirical research through semi structured interview. The results are presented through biographies, a methodological choice that contrasts with the subjects' view as numbers, profiles and patterns of drug use. Psychiatric Reform precepts and Harm Reduction ethical-political stance guided the discussion of this work in dialogue with the Institutional Discoursive Analysis that shaped the analysis of the material. We have identified a discourse of marginalization that cuts across various areas of life for drug-using subjects, preventing them from occupying institutional places other than “addicted / junkie”. The therapeutic process, the initial object of this research, was not identified in the speech of the interviewed subjects, being verified the search and permanence in Caps AD by imposition of Justice. We come to the conclusion that the institutional place occupied by the subjects who use drugs, sustained by the society in which they are inserted, causes invisible social suffering in the face of a conservative and anti-drug context. The current police and authoritarian stance of the current government neglects the possibility of non-problematic drug use and imposes “treatments” or incarceration of already vulnerable people, given the direction and selectivity of police actions towards drug use.